O DIPLOMA DO SALLES

Essa história de mais uma mentira bolsonarista envolvendo o ministro do Meio Ambiente trata de algo em desuso, o exibicionismo com a titulação acadêmica.

Ricardo Salles escrevia artigos e era apresentado como mestre em direito público pela Universidade Yale. O site Intercept foi conferir e viu que era uma invenção.

Salles é mesmo um ministro estranho num governo de ministros tão normais.

Não tem a titulação que dizia ter, é ministro do meio ambiente que despreza árvores, índios e rios e tem aquela cara de cera de quem imita retrato de sinhozinho do século 19.

Exibir-se com titulação (e ainda mais falsa) é o último suspiro de um lustro que cada vez vale menos. Dizem que as universidades demitem os professores que têm mais títulos, para cortar salários.

Pois respeito muito quem suou estudando para depois transmitir aos outros suas sabedorias. Mas hoje em dia ficar dizendo que estudou em Chicago ou Harvard pode significar boas carreiras em corporações.

Mas no geral, como prestígio intelectual, significa pouco. Um título desses não tem mais o valor do carteiraço do século 20. Se for muito propalado, pode até parecer esnobismo e chinelagem.

Um dia me perguntaram, numa conversa com estudantes em Erechim, qual era a minha formação. Acharam que poderiam estar diante de uma sumidade com tantos títulos quanto um general com medalhas.

Eu respondi que não tinha títulos acadêmicos, que havia me formado na Universidade Gazeta do Alegrete. A resposta foi bem aceita e a conversa seguiu em frente sem contestações.

Mas eu me preparei. Dias depois poderia aparecer algum gaiato para me contestar. Não há como provar com diplomas uma formação na Gazeta do Alegrete, só com testemunhas.

Eu chamaria as seguintes testemunhas: José Airam Baialard Vasconcellos, Rui Ramos, Paulo Renato Rodrigues, Rui Fabres, Luizinho Tristão, Beatriz Dornelles, Élvio Vargas, Valderli Telles, Fernando Campos da Rosa e Auri Marques.

Todos poderiam funcionar como testemunhas ou como delatores. Eu frequentei três anos da faculdade de comunicação da Gazeta e fiz um ano à distância, quando estudava na Universidade A Plateia, em Livramento. E depois fiz mestrado, doutorado e pós-doutorado na Universidade Correio Serrano, de Ijuí.

Acho que sou menos farsante do que o ministro que mente para poder dizer que aprova a derrubada de árvores sustentado por uma boa titulação americana.

Entre a mentira do Salles e a minha verdade, sou mais a minha. Cada um com suas Yales, suas vaidades e suas pilantragens.

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