O EMPREENDEDOR

Uma provocação no Primeiro de Maio sobre uma constatação que boa parte da esquerda brasileira se nega a enfrentar. O apelo da Carteira de Trabalho e do diploma (usado por Haddad na campanha) não tem mais o poder de sensibilizar a maioria.
O brasileiro médio já desistiu de um emprego, de uma carreira, de uma trajetória clássica como trabalhador. E sabe que um diploma hoje não tem os mesmos significados de décadas atrás.
O brasileiro jovem quer ser empreendedor, do jeito que der (a direita soube explorar esse apelo na eleição de Bolsonaro e para o governo gaúcho).
Outra parte quer ir embora. E somente uma minoria, certamente uma minoria, acredita que um emprego formal será a sua salvação para o resto da vida, como foi para a minha geração.
Mas é apenas uma provocação. Não leiam, por favor, que eu não valorizo a briga por um emprego (são milhões e milhões nas filas) e tampouco o diploma. Não é isso.
As pessoas estão brigando desesperadamente por empregos. Mas para sobreviver. Elas não acreditam mais em empregos formais, em patrões, em ascensão social via trabalho do século 20. Nem em diplomas.
O capitalismo acabou com o sonho de quem desejava um diploma numa mão e uma Carteira do Trabalho na outra. O capitalismo em desespero inventou Trump e Bolsonaro.
Quem quiser que fale também com os neopentecostais para entender o que se passa. O bolsonarismo nos ensina muitas coisas.

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