O ENSAIO PARA ALGUMA COISA MAIOR

Os ventos sopram de todos os lados, principalmente dos Estados Unidos. Tivemos um domingo de gestos inspiradores para o nosso combalido otimismo. Aqui, foram duas inspirações poderosas.

A primeira veio das manifestações dos jovens antifascistas em São Paulo, Rio e Porto Alegre. A segunda, da nota em defesa da democracia do ministro Celso de Mello. A juventude e a maturidade se complementaram hoje.

Os protestos em São Paulo, Rio e Porto Alegre tiveram o que andava faltando, o vigor dos jovens em grupos mais encorpados, e não em turmas corajosas mas numericamente minguadas que vinham aparecendo nas ruas.

Os valentes antifascismo, que completaram o quinto domingo nas ruas de Porto Alegre, ganharam reforço. O que se viu foi vigor físico mesmo, a capacidade de gritar mais alto, de impor presença nas ruas, de desafiar a repressão, como eles fizeram na Paulista. E o que é melhor: muitos são jovens que se identificam como torcedores antifascistas.

O espaço das ruas será sempre deles. Não há rebelião sem jovens, nem democracia, nem resistência. A identificação com o futebol pode ajudar no contraponto ao reacionarismo que domina o meio, inclusive nos vestiários.

Em São Paulo, ficou claro que a provocação começou com uma mulher bolsonarista, armada com um taco de beisebol, que tentou se aproximar das torcidas, e que a partir daí a Polícia Militar passou a reprimir os antifascistas. Em Porto Alegre, a BM também protegia os bolsonaristas. Nenhuma novidade.

Acompanhei a transmissão ao vivo de Alass Derivas em Porto Alegre, que no começo mostrava uma turma pequena, na Sete de Setembro, no centro, mas de repente o grupo cresceu. Já na dispersão, em direção a Riachuelo, a marcha foi sendo engrossada e ficou de bom tamanho.

E isso tudo em meio a uma pandemia. Estou entre os que finalmente admitem (e resisti muito a pensar assim) que, sem a pandemia, algo maior poderia estar acontecendo.

É provável que os próximos fins de semana tenham manifestações de impacto, se é que não acontecerão protestos mais fortes antes.

E o domingo teve ainda a sabedoria expressa na nota de Celso de Mello em que o ministro adverte: está tudo pronto para a instalação de uma ditadura de índole nazista (a íntegra está na postagem anterior).

Que a nota do decano do Supremo, que é também um apelo pela resistência, inspire outras manifestações, inclusive entre os próprios ministros, muitos dos quais calados há meses.

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Descobriremos daqui a pouco que tudo isso é apenas um filme, é a continuação de Borat.

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Jadon Sancho fez três gols hoje na vitória por 6 a 1 do Borussia Dortmund contra o Paderborn. Este que ele mostra na foto foi seu quarto gol, o mais bonito de todos.

Na Alemanha, um jogador negro inglês pede justiça pelo assassinato de um negro nos Estados Unidos.

Veremos algo parecido um dia no Brasil?

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