O FIM DE BOLSONARO SERÁ A LIBERTAÇÃO DA DIREITA

Bolsonaro é o candidato dos ricos, dos homens e da classe média branca rural e urbana. É o que se sabe e é ululante há muito tempo. Bolsonaro é então o cara do projeto político da maioria deles? Não. Não é.

O contingente sem pai nem mãe, desde a morte política dos que se abrigavam no PSDB e tinham ali a única estrutura eleitoral capaz de enfrentar o PT, não tem Bolsonaro como estratégia.

Esses ricos brancos, machos e ressentidos não se mobilizaram para dar um partido a Bolsonaro. Poucos devem colocar a cara no fogo por ele.

Talvez coloquem um dedo ou apenas uma unha, porque ainda contam com o engajamento dos militares e isso preserva o que resta de confiança.

Mas todos sabem que a família é barra pesada e que está provada a ligação de pai e filhos com milicianos. Sabem que Deus entrou de gaiato nessa história. E sabem que, se Jesus reaparecesse hoje, anunciaria que o fim está próximo.

O apoio a Bolsonaro nas pesquisas fica sempre, no primeiro e no segundo turno, em torno de um terço do eleitorado. É um apoio na maioria tático. Bolsonaro não alarga mais, como alargou em 2018, sua base no segundo turno.

Estreitou-se o eleitorado do sujeito, por culpa talvez dos excessos em fidelizar seu povo. E o que temos a partir de agora como dúvida, diante do esperado desfecho do seu fim como gambiarra anti-Lula e anti-PT, cabe na pergunta a seguir.

O que irá sobrar de Bolsonaro sem poder, sem apoio dos generais, sem o suporte de banqueiros e grileiros, sem o apoio incondicional de pastores, sem o centrão, sem condições de fazer ameaças e com o Ministério Público e a Justiça no seu encalço?

Não sobrará nada, e isso é bom para a direita dita normal. Numa comparação forçada, podem dizer que Trump perdeu a eleição e continuou com as rédeas da direita (e não só da extrema direita) americana.

Trump está em outra dimensão. É rico e tem liderança com base orgânica e institucional sustentada pelo partido. É uma voz potente do conservadorismo e dos desatinados.

Mas está sendo destruído pelas investigações em torno da tentativa de golpe, na invasão do Capitólio, e é quase certo que será substituído por um similar menos avariado.

Bolsonaro é um tenente, nunca teve partido, não tem potência retórica, não tem um entorno de líderes fiéis e fortes com mandato. Tudo em Bolsonaro é provisório, do centrão aos militares.

É provável que, derrotado na eleição, Bolsonaro vire algo abaixo de um Eduardo Cunha. E que o seu fim seja oferecido à direita sem pai nem mãe como uma chance para que essa turma redescubra nomes mais fofos e mais cheirosos que de fato a represente.

Bolsonaro não conseguirá nem voltar ao que era antes, porque esse retorno é inviável. Não terá mais mandato. E não terá o que oferecer aos que sempre o protegeram em troca de verbas secretas (e muito emprego para militares) e das porteiras abertas para grileiros, boiadas e cachorradas.

Só vamos saber o que Bolsonaro significou para o Brasil, e não apenas para a política, no dia seguinte ao da sua morte como figura pública e como maior aberração de todos os tempos.

A extrema direita amoral, a indecente, a odienta, a que abomina gays, negros e índios, essa direita bandida ficará com a lembrança de que um dia esteve no poder que perseguia e matava quem considerava inimigo.

Para o centro e a direita mais convencional, a direita que pede desculpas por não votar em Simone Tebet, o fim de Bolsonaro será a libertação e a hora de gritar aleluia.

Finalmente haverá liberdade para quase tudo que pode se chamar genericamente de centro, direita, conservadorismo, reacionarismo e viuvismo dos tempos tucanos.

O fim de Bolsonaro está próximo e essa é a verdade que vos libertará.

3 thoughts on “O FIM DE BOLSONARO SERÁ A LIBERTAÇÃO DA DIREITA

  1. Me parece um exagero firmar que o Bozo será algo menor que um Eduardo Cunha. De fato, ele é totalmente incompetente para articular uma base de apoio político em torno de si, como o Trump fez. Ele só enxerga os limites dos interesses de seu círculo familiar. Mas ele deu voz a um grande contingente da nossa sociedade, que também está dentro das nossas instituições e ainda o veem como “mito”. Estes grupos vão se rearticular de outras formas, agora que já provaram do poder. Mesmo que o Bozo seja punido (será?) outras lideranças conservadoras irão emergir. Derrotar eleitoralmente o Bozo é a parte mais fácil. Mas derrotar o que ele significa será tarefa para gerações.
    E a diferença do “bozismo” para a nossa direita tradicional é pequena: apenas que uma delas frequentou as aulas de etiqueta e sabe comer de garfo e faca (tipo a Simone Tebet).

  2. O texto faz parecer que será esse o caminho a ser seguido pelo despresidente. Ele já pregou uma peça no 7 de setembro, recuando na hora h. Pode ser que ele decida, perto das eleições e por uma questão de sobrevivência dele e da FAMILÍCIA para não passar alguns anos na cadeia, se candidatar a deputado federal. E o rebanho não achará ruim, porque todo mundo já sabe como ele é. A conferir.

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