O golpe que não é golpe

1. Maduro pode ser derrubado a qualquer momento, mas não será golpe, segundo os jornais. Será um levante pela democracia. Golpe é o que aconteceria no Brasil se Mourão derrubasse Bolsonaro, como têm insinuado os próprios filhos de Bolsonaro.
2. Muito interessante a declaração do cientista político americano Ian Bremmer hoje na Folha. Segundo ele, todos estão prontos para uma intervenção militar de fora contra Maduro. Estariam até agora ao lado de Maduro, entre outros, apenas China e Rússia. Apenas. É um cientista falando, mas parece um pensador do Itamaraty do Bolsonaro. Apenas Rússia e China.
3. Agora imaginem a reunião de Bolsonaro daqui a pouco com seus assessores (incluindo o chanceler Araujo) para tratar da crise na Venezuela. O sujeito que se afasta do verbo, que não consegue interferir nem em anúncios do Banco do Brasil, agora está definindo estratégias de guerra para a Venezuela.
4. É simplista, é rasa, é ingênua a divisão das esquerdas brasileiras entre os apoiadores de Maduro e os defensores da queda de Maduro. Só o que a esquerda precisa é entender o cerco que Maduro enfrenta desde a morte de Chávez e de como o garrote golpista inviabilizou a Venezuela política e economicamente e corroeu o que restava de coesão social. O golpismo americano permanente transformou Maduro num cachorro louco.
5. Mas pedir essa compreensão (apoiar ou não é o de menos, não muda nada) é querer muito, porque a esquerda não entendeu direito nem o cerco destruidor da economia feito pela direita ao governo de Dilma até o golpe.

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