O gordinho

Um jornalista amigo, que está há anos em Brasília, me contou que a imprensa sente muita falta do gordinho baiano na trupe do Jaburu.

Geddel era o mais engraçado de todos, o mais simpático, o mais disponível para atacar petistas, esquerdas, inimigos do golpe. Ele mantinha todo mundo acordado na excursão do golpe.

Era como aquele cara que botava música nas festas, que convidavam para padrinho de casamento, que as crianças viam como o tiozão. Geddel era o bobão contando sempre a mesma piada.

Divertia a imprensa que frequenta o palácio, dava furos, fazia fofocas, concedia entrevistas às gargalhadas. Todo mundo sabia que um dia ele iria cair, até por soberba, até que caiu.

Sem Jucá, sem Geddel, sem Yunes, sem Padilha (daqui a pouco sem Moreira Franco), o Jaburu se enfraquece. Mas a grande perda terá sido sempre o Geddel. Ele era a alma da turma do Jaburu.

Todo governo esdrúxulo tem um sujeito boa praça. Geddel era o parceirão dos jornalistas embarcados. Todo jornalista golpista se acha parte não só do governo, mas da família de quem está no poder. Geddel era o primo deles.

Esse meu amigo diz que, se o Padilha cair, e deve cair, ninguém sentirá saudade do Padilha. Mas todos sentem uma saudade imensa do Geddel.

O Geddel era o rosto rosado e burlesco do golpe. Se o Jaburu fosse um circo (com todo respeito pelos circos), daria pra dizer que estão sobrando só os homens do globo da morte com suas motos caindo aos pedaços.

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