O HAITIANO

Há uma torcida organizada de milhões de pessoas para que o teste de Bolsonaro dê positivo. Tem muita gente gritando e tem também muita gente torcendo em silêncio. As pessoas silenciosas são as mais cruéis.

Um líder humanista, que ama a ciência, os professores, o conhecimento, a universidade, os estudantes, os pobres, os negros, os gays, os índios, as florestas, a natureza, que existe para fazer o bem, que abomina torturadores e ditadores, que persegue as milícias, que exalta a democracia e a diversidade, um homem assim deve estar forte para liderar o país.

Pois esses radicais torcem há dias para que Bolsonaro experimente o terror de um contágio e todas as suas consequências.

A torcida pode se frustrar. Já são 14 os contagiados que fizeram parte da comitiva do governo à Miami.

Todos conversaram com Bolsonaro, abraçaram, bajularam, borrifaram salivas espargidas em milhares de perdigotos.

E Bolsonaro, o único governante a debochar da pandemia em todo mundo, vence o coronavírus.

Bolsonaro poderá ver cada um dos seus assessores tombando ao seu lado e continuará fazendo testes e sobrevivendo.

A vingança contra Bolsonaro poderá ser esta. Ao final do 28ª teste, Bolsonaro descobriria que todo o governo e tudo à sua volta haviam sido extintos.

Ele estava sozinho e abandonado diante do tubo que recolheria a amostra para o 29ª teste. E não sabia se o resultado do 28ª teste havia sido negativo de novo, ou positivo.

Em busca de ajuda, Bolsonaro sairia desesperado do Planalto, às 4h da madrugada, com o tubo na mão, e no final da rampa encontraria apenas uma pessoa, uma só. Um jovem haitiano.

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