O jornalismo-avestruz
As ocupações de escolas e universidades expõem mais um caso de negação da notícia pelos grandes jornais. Todos estão tratando do assunto com a mesma tática com que sempre trataram questões que os perturbam e devem ser evitadas, para que não incomodem governos e amigos: deixa assim que logo passa.
Mas não passa. As ocupações crescem em todo o país e são muito, muito mais do que um protesto contra as reformas pretendidas para a educação pela turma do Jaburu.
As ocupações são o primeiro grande movimento contra o golpe. É um ensaio de algo mais grandioso que pode estar vindo aí. E os jornais fingem que não é com eles.
O jornalismo-avestruz já agiu assim nas Diretas-Já e nos movimentos que levaram à queda de Collor. Mas naqueles episódios não havia internet.
O jornalismo brasileiro pode estar às vésperas de pagar um grande mico, se as ocupações se transformarem em um impasse nacional, com o aumento da repressão e da incapacidade de negociação do governo e do Judiciário.