O jornalismo e as instituições
O repórter Matheus Chaparini, do jornal Já, é o vencedor do grande prêmio de jornalismo do ano da Associação Riograndense de Imprensa. Chaparini venceu o prêmio de reportagem geral de jornal da ARI, o mais cobiçado de todos os troféus.
Este ano, o jornalista foi preso, indiciado, denunciado e processado por ter participado, em junho, da cobertura da operação de desocupação do prédio da Secretaria da Fazenda pela Brigada Militar. O prédio havia sido ocupado em protesto contra o governo Sartori por um grupo de estudantes.
Chaparini foi considerado invasor e está sendo processado por, entre outras coisas, ‘corrupção de menores’.
O repórter estava fazendo o que qualquer jornalista de verdade gostaria de fazer naquele dia. A reportagem premiada é a própria cobertura da desocupação. O prêmio é uma resposta do jornalismo a instituições cada vez mais seletivas.
Pois eu acho que esse prêmio deveria ser concedido ao repórter Mehdi Hasan, da TV Al-Jazeera, pela entrevista que ele fez com Dilma, ao ignorar as respostas obtusas e insistir nos questionamentos. Ao ser perguntada. “Alguns dizem que ou você sabia o que estava acontecendo, o que a tornaria cúmplice, ou não sabia de nada, o que te faria uma incompetente, qual das duas versões era a correta?”, o neurônio solitário literalmente entrou em curto circuito. Era a pergunta entalada na garganta de todos os brasileiros que a imprensa covarde deixou de fazer, e que a imprensa capacho jamais faria.