O jornalismo que nos subestima

Li agora a entrevista do repórter Vladimir Netto, da TV Globo, ao Alexandre Lucchese, de Zero Hora. Deveria ser lida por estudantes de jornalismo e analisada em sala de aula durante as ocupações.
É constrangedora. O que se salva são as perguntas do Alexandre. Vladimir apresenta-se como ‘especialista’ em Lava-Jato. Escreveu o livro “Lava-Jato: O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil”.
Na entrevista, o repórter se comporta como uma espécie de assessor de imprensa do Ministério Público e do Judiciário.
Acha que a operação é imparcial, vê o começo de uma limpeza geral, prevê que vão pegar até o PSDB (mesmo que já tenham perdido várias chances) e diz o que a direita repete sem parar, que o PT é o atingido porque “construiu esse esquema de corrupção”. Pois então. O PT construiu a corrupção no Brasil.
Claro que o PT cometeu erros graves e que parte dos seus líderes e dos quadros no governo se corrompeu. Estão sendo punidos, enquanto os tucanos são poupados. Mas um jornalista não pode dizer que o PT construiu a corrupção, referindo-se ao caso da Petrobras.
É mais do que uma bobagem. É um desserviço a um tipo de jornalismo que luta para se manter relevante, enquanto perde reputação e audiência.
Quem vai até o fim da entrevista, lê esta frase que menospreza a inteligência dos colegas e dos leitores: “Não vejo os vazamentos como um instrumento político”.
Se não vê, vamos fazer o quê?
(Este texto deve provocar, como outros já provocaram, algum estranhamento entre jornalistas. Porque jornalistas criticam o Papa, políticos, arquitetos, professores, sem-terra, policiais, padres, artistas, servidores públicos, jogadores de futebol, escritores, mas não admitem críticas ao que fazem.
Eu penso o contrário. Jornalistas não podem se proteger no corporativismo que considera qualquer crítica uma questão ética. A grande questão ética é o desprezo do jornalismo pela autocrítica.
O jornalismo não é intocável. Não é uma seita e muito menos uma ‘instituição’ (pensa que é) acima do bem do mal.
O jornalismo imperial acha que não, mas é imperfeito como qualquer outra atividade, tão imperfeito que produz informações que o desqualificam, como essas do repórter da Globo que subestima a minha, a sua, a nossa capacidade de discernir o que é, afinal, a Lava-Jato.)

2 thoughts on “O jornalismo que nos subestima

  1. Sugiro, então, a leitura do Brasil 247. O melhor da esquerda brasileira retardada, os mais ilustres representantes da nossa “Esquerda Caviar” que adora Paris ( a nossa Esquerda Caviar sempre terá Paris), estão sempre ali, a desfilar ressentimentos, a negar o óbvio e a repetir “ad nauseam” aqueles velhos chavões que reduziram o cérebro dos invasores de escolas, dos que incendeiam pneus nas estradas, e dos que invadem áreas produtivas, a apenas dois neurônios.

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