O laudo
Um dia, há muito tempo, recebi um telefonema de Carazinho. Uma estudante de administração queria saber o que eu pretendera dizer com isso e aquilo e aquilo outro em um texto sobre a economia brasileira.
Disse ela que era para um trabalho de aula. Eu respondi com paciência o que ela me perguntava. Conversamos durante uns 15 minutos.
Ao final, a moça me disse:
– Agora, entendi tudo.
A Folha de S. Paulo fez com um auditor do Senado o que a estudante de Carazinho fez comigo. Foi perguntar a Diego Prandino Alves o que ele e seus colegas quiseram dizer com o já famoso parecer sobre as pedaladas.
Todo mundo entendeu de todos os jeitos possíveis o tal parecer. O técnico disse que a presidente não atuou diretamente nas pedaladas, mas que eles não investigaram se ela foi pelo menos omissa.
E depois afirmou:
– A perícia não isenta ninguém de responsabilidade.
E disse também que o laudo não isenta ninguém nem mesmo de dolo. E que amanhã eles farão mais esclarecimentos sobre o laudo.
Laudo ruim é como poesia ruim, que precisa ser bem explicadinha.
Eu li a entrevista feita pela Folha com o moço e queria poder ter dito o mesmo que a estudante me disse naquela tarde. Mas não, minha fala é outra:
– Agora é que não entendi nada do laudo, mas cada vez mais entendo o que aconteceu.
Se nem os peritos explicam, é porque foi golpe mesmo.