O LIVRO DE MANDETTA

Estão publicando pílulas do livro de Luiz Henrique Mandetta. Mas a cada trecho publicado a sensação que fica é a de que temos mais uma obra com muitas curiosidades e pouca densidade.

Eu terei pelo livro o mesmo interesse que tenho pela música da dupla sertaneja Silveirinha e Silveirão. E vou dizer por quê.

Um livro como esse, feito na pressa, é resultado da sofrência de quem o escreveu (ou mandou que escrevessem). Tem ressentimento, tem vingança e tem jogada política.

Não parece ser um livro com informações relevantes, mesmo que reafirme a face mais grotesca de Bolsonaro com detalhes observados por quem esteve ao seu lado.

Pelo que li até agora, Mandetta mostra que o ex-chefe é um insensível e ignorante incapaz de compreender o que seria a tragédia pandemia.

E conta que Onyx Lorenzoni grampeava conversas com políticos para poder depois chantageá-los. Mas quem quer saber da ignorância e das crueldades de Bolsonaro e das fofocas sobre Onyx Lorenzoni?

As últimas obras de bastidores da política, a partir da metade do século 20, com alguma relevância, foram Notícias do Planalto, de Mario Sergio Conti, sobre o poder do núcleo e do entorno de Collor, e a série de Elio Gaspari sobre a ditadura.

São dois jornalistas, não são políticos tentando atirar em ex-aliados. Mesmo o livro da jornalista Taís Oyama sobre o primeiro ano de Bolsonaro não conta quase nada.

A única revelação importante de Taís é a contida em uma frase de Augusto Heleno, que se refere a Bolsonaro, num encontro com empresários, como “um despreparado”. O resto é uma compilação de notinhas.

Não há como escrever um livro sobre um ano de governo do presidente mais desqualificado que o Brasil já teve.

Bolsonaro não rende um livro, nem um desses à la minuta. O sujeito somente renderia um livro se alguém contasse suas relações complicadas com os militares.

Mas aí o autor precisaria ser um militar. Ele mandou seis generais embora do governo. Mas nenhum parece ter o perfil de quem possa fazer revelações.

A hierarquia e a disciplina não permitem. Todos os generais que Bolsonaro desprezou e humilhou teriam muito a contar.

Um livro sobre os civis medíocres de Bolsonaro, sem a copa e a cozinha dos militares, vale tanto quanto um livro de sonetos de Alexandre Garcia.

One thought on “O LIVRO DE MANDETTA

  1. Bela. Conclusão, moisés. Penso que quem participa ou participou de uMa loucura, como esse governo, não tem estatura moral para falar do mesmo,
    Pois de alguma forma pensam e agem da mesma forma da lamentável figura que o comanda. Isso vale para o mandetta e para o moro. Participaram e ajudaram a sustentar essa farsa.

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