O que o juiz Moro tem que esta juíza não tem?

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Os frequentes bloqueios do WhatsApp pela Justiça provocam uma interrogação inquietante. Pode um juiz de primeira instância parar um serviço importante de comunicação e interferir na vida de todo mundo para pegar bandidos?

O ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo, acha que não pode. Tanto que derrubou a decisão da juíza Daniela Barbosa de Souza (foto), que havia determinado o bloqueio do WhatsApp.

É a alta Corte impondo-se em relação a um juiz de primeira instância. E Daniela é uma brava juíza da Justiça carioca.

Mas por que o Supremo, o guaridão da Constituição, demorou tanto para impor o mesmo poder hierárquico e institucional em relação ao juiz Sergio Moro em várias circunstâncias da Lava-Jato?

Ah, dirão, o caso do WhatsApp exigia urgência, porque não há vida sem WhatsApp. Mas não é só isso.

Moro divulgou grampos e tentou impor suas vontades em relação a outros procedimentos dos processos que preside em Curitiba, interpretando leis do seu jeito, até levar um para-te-quieto do STF. Mas demorou.

Por quê? Porque Moro foi legitimado, como caçador de corruptos, a fazer o que a lei manda ou o que ele acha que manda, por mais controvérsia que provoque. E quase ninguém o incomoda.

Nem o Supremo, num primeiro momento, enfrentou Moro, como Lewandowsky enfrentou agora, com naturalidade, a juíza que havia pedido informações ao WhatsApp.

Moro mantém corruptos e corruptores na cadeia por meses, em prisão preventiva, à espera de delações. O empreiteiro Marcelo Odebrecht completou ontem 12 meses de prisão. Um ano de cadeia preventiva, porque titubeia para chegar ao acordo de delação.

Poucos, entre juízes, juristas, professores de Direito, contestam essa tática. A maioria se cala, porque uma prisão preventiva poderia, em tese, durar anos, quase como uma condenação, como entende Moro, até que o réu decida dedurar os parceiros.

E tudo porque Moro talvez nem seja um juiz brilhante (dizem que não é), mas porque é no momento o nosso Batman.

E desde o mensalão o Brasil adora um Batman. Principalmente se corresponder às melhores expectativas da direita.

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