O SAMBA FEMINISTA

O Brasil da resistência deveria ter a valentia da Mangueira, ser mais atrevido, ter menos medo.
No que tem de mais evidente, o samba enredo da escola homenageia Marias e Marielles e ataca machismos e fascismos.
Mas tem também outros recados políticos fortes. Fala dos anos de chumbo, de sangue, da história não contada.
Um dos versos mais fortes é o que manda tirar a poeira dos porões. Para quem quiser e para quem não quiser entender. 
É o mais poeticamente político samba enredo de todos os tempos. É um samba feminista que vai incomodar a extrema direita.
Será que os reaças irão ao Sambódromo só para vaiar a Mangueira?

(Abaixo a letra de Deivid Domênico em parceria com Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo Firmino)

HISTÓRIAS PARA NINAR GENTE GRANDE

Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra

Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato

Brasil, o teu nome é Dandara
Tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati

Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês

Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasil que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa as multidões

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