O sanguíneo

Vou contar, porque já foi comentado aqui no Facebook (e agora eu até acho engraçado), meu desencontro com o jornalista Políbio Braga ontem à tarde na TVE.

Políbio, o jornalista Guilherme Baumhardt, da Bandeirantes, e eu iríamos entrevistar o professor Francisco Marshall para o programa Frente a Frente.

Estávamos os três sentados no estúdio, à espera do Marshall e do apresentador Vitor Dalla Rosa, quando Políbio virou-se para Guilherme, que estava na outra ponta, e perguntou:

– E tu, quem és?

O jornalista disse o nome e que era da Bandeirantes. Políbio virou-se então para mim, com certa fleuma, e indagou:

– E tu?

Eu respondi no mesmo tom, com meu jeito blasé de ser, certo de que não precisava acrescentar o sobrenome.

– Eu sou o Moisés.

Sei que Políbio me conhece, não porque eu seja famoso, mas porque não sou alguém sem rosto e ele já me atacou em seu blog. Pensei: este cara está me tirando.

Quando saí da Zero, no ano passado, ele escreveu: “O lulopetista Moisés Mendes sai de Zero Hora. A dança das cadeiras na RBS atingiu desta vez o colunista Moisés Mendes, o mais encarniçado dos cronistas da organização lulopetistas do jornal Zero Hora”.

Eu não era um jornalista com opiniões assumidamente de esquerda, eu era um encarniçado lulopetista ceifado pela dança das cadeiras na RBS.

Pois Políbio voltou a me olhar, com algum desdém, e veio com outra pergunta:

– E tu fazes o quê?

– Eu tenho uma ferragem – eu disse.

Ele me olhou, como se achasse estranho.

– Tem algum problema? – eu perguntei.

Ele falou algo como: então, encara qualquer coisa que vier, qualquer trabalho.

Eu achei que o deboche tinha ido longe e falei:

– Tu me chama de lulopetista e agora fica fazendo perguntas e dizendo que não me conhece.

Ele foi rápido:

– É que eu também costumo falar mal de quem não conheço.

– Pois eu te conheço muito bem. Todos nós te conhecemos muito bem – eu disse, e ele se levantou.

Começou a dizer que estava sendo desrespeitado, que não podia ficar ali. Mostrou-se inquieto e falou:

– Eu sou uma pessoa sanguínea. Vou embora porque não sei o que pode acontecer.

Eu continuei sentado e disse apenas:

– Que sanguíneo coisa nenhuma, tu é o que todo mundo sabe que tu é. Se não aguenta ficar aqui, vai embora.

Políbio saiu dali dizendo algo que não entendi e desapareceu atrás do cenário.

One thought on “O sanguíneo

  1. Aahahahahahahahahahhaaha…
    Perfeito, Moisés. Falou tudo que esse merda (sou eu que estou falando, não o Moisés) precisava ouvir. Que todo mundo sabe o que ele é. Não quem ele é, mas o que ele é.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Website Protected by Spam Master


4 + 4 =