O sinhozinho da lista de Fachin

Aécio, Serra e Alckmin estão condenados a se transformarem nos primeiros zumbis tucanos. Até a imprensa amiga já anunciou que eles serão abandonados e trocados por Doria, o gari, porque agora é preciso ter um tucano novinho em folha.

Mas um tucano de bico lustroso e grandão, o patrono, o decano do PSDB, este é sempre poupado nos noticiários, pelos relevantes prestados ao vale tudo do liberalismo brasileiro. O tucano está na lista de Fachin, citado pelo dono da Odebrecht como beneficiário de caixa dois.

Sim, é ele mesmo, Fernando Henrique Cardoso. Em 1993 e 1997, FH recebeu dinheiro por fora para as campanhas à presidência. E não mandou pedir a ajuda a Emilio Odebrecht, não usou mandaletes.

Ele mesmo fez a encomenda. O empreiteiro relembra o que FH lhe disse certa vez, sem volteios: “Emílio, você pode me ajudar no programa da campanha?’ Isso ele pediu”.

E teve a ajuda, por dentro e por fora. Mas claro que FH não sabia do delito, porque tucano nunca sabe o que se passa com as suas finanças políticas.

O que Emílio não conta, mas já foi contado várias vezes, é que Fernando Henrique reuniu os grandes empresários, entre os quais empreiteiros citados na Lava-Jato como corruptores, antes de deixar o governo, em 2002, e pediu a eles, de presente, a sede do que viria a ser o Instituto FH.

Muitos jornalistas narraram o que aconteceu. Cito apenas dois deles, para que não digam que recorri a esquerdistas. Um é Elio Gaspari. O outro é Mario Sergio Conti. Ambos já contaram em detalhes, em longos textos na Folha de S. Paulo, como FH cantou os empreiteiros para que lhes dessem o mimo.

Emílio Odebrecht estava entre os assediados. Mas naquele tempo os empreiteiros ainda não corrompiam… E os políticos tucanos eram todos honestos.

Lula aparece todos os dias no Jornal Nacional. Quase teria ganho um terreno da Odebrecht para construção do seu instituto. E ganhou até o estádio do Corinthians. FH ganhou uma sede pronta (além de muitas doações em dinheiro, também já noticiadas). Mas ninguém toca nisso tudo hoje.

Lula não merece um instituto. Quem merece é FH, o sujeito que por acaso nasceu no Brasil, quando deveria ter nascido mesmo em Paris. Lula tem um escritório político. FH tem um centro de altos estudos e pensamentos (mesmo que ninguém saiba dizer até hoje o que foi pensado em seu instituto). Lula recebeu propina, FH recebeu uma doação.

Por isso o caso de FH passa ao largo da cobertura sobre a lista de Fachin. Porque FH é, até agora, o único tucano a ser preservado. FH fez tanto pela direita no Brasil (como o milagre que o mesmo Gaspari chama de privataria), depois de ter enganado meio mundo como social-democrata, que a imprensa e o pato da Fiesp têm dívidas impagáveis com ele.

Ninguém mexe com o sinhozinho do PSDB.

(Publico aqui, para buscar no Google, o título de um texto de Gaspari de 10 de novembro de 2002 sobre o assédio de FH aos empreiteiros. Este é o titulo: “FFHH deve suspender a coleta do Alvorada”. Imaginem se isso tivesse acontecido com Lula).

 

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