O SUPREMO QUE O BRASIL MERECE

Um habeas corpus em favor de um ex-presidente está sendo julgado. Os ministros alegam que um ex-presidente é como um cidadão qualquer.

É retórico. Claro que o julgamento de um habeas para Lula tem suas particularidades (ou somente o julgamento de concessões a Aécio seria diferente?). Fora a carga política e simbólica que Lula carrega.

Há nervosismo, mesmo que Lula seja, pelo que dizem, um cidadão qualquer. Pois então um ministro (Marco Aurélio) decide dizer que precisa pegar o avião…

E começa então um debate se devem ou não suspender a sessão que decide um habeas para o personagem do mais importante julgamento da história do país.

Mas Lula pode ser preso a partir de segunda-feira, quando o TRF4 julga os últimos recursos do caso do tríplex. E o Supremo somente voltará a se reunir dia 4 de abril. Tudo por causa do voo inadiável de Marco Aurélio.

E agora? Que se dê então uma liminar em favor de Lula, para que não seja preso antes da decisão do habeas no Supremo.

Pode, não pode, pode, não deve. E acontece então um dos debates mais constrangedores que a TV já mostrou ao vivo para todo o país. A procuradora-geral Raquel Dodge defende com vigor de acusadora que não se conceda a proteção a Lula.

Os ministros da mais alta Corte não conseguem dizer direito o que pensam e não são compreendidos, não por quem assiste de longe, mas pelos próprios colegas. Alexandre de Moraes gagueja e, acreditem, precisa ser traduzido por Cármen Lúcia..

Mas Lula ganha, enfim, a liminar por 6 a 5, em meio a um debate em que Gilmar Mendes volta a dizer que não gosta de petistas.

Mais duas semanas de espera. Tem a decisão do TRF4 na segunda-feira. Tem Sergio Moro na mesma segunda no programa Roda Viva (essas coincidências…) e só depois, no dia 4, vão julgar o habeas.

E no dia 4 Gilmar Mendes, que defende a concessão do habeas, estará em Lisboa. A votação não seria alterada, porque Lula dependeria de qualquer forma do voto de Rosa Weber. Com a voto de Rosa, daria empate de 5 a 5. E empate favorece o requerente do habeas.

Mas (suprema ironia) um defensor do habeas não estará ali para contribuir com a tese dos advogados de Lula.

O que o Supremo ofereceu hoje foi um grande espetáculo não com pitadas, mas com overdoses de indecisões, manobras, retórica vazia, inseguranças e psicopatias variadas.

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