O TRAFICANTE TRABALHA PARA O MERCADO, ESTÚPIDO

As notícias sobre tráfico se repetem como se fossem sempre as mesmas. Esta é de hoje, muito parecida com uma de dias atrás e semelhante a qualquer outra que sairá amanhã:

Zero Hora informa que mais de 30 traficantes e contrabandistas do norte do Rio Grande do Sul são alvo de operação policial.

Cerca de 300 agentes cumprem 170 ordens judiciais contra organização criminosa que movimentava R$ 1,6 milhão por mês.

Trinta traficantes com essa movimentação mensal. Olhando pelo outro lado, a realidade sempre negada é essa: se existe uma estrutura desse porte, é porque tem muita gente consumindo drogas.

É algo acaciano. É muito traficante para muito consumidor, porque assim funciona qualquer negócio, ilícito ou não.

Não é uma questão moral, é uma questão de mercado, de um mercado que aciona violência e morte. O branco de classe média consumidor de cocaína é o patrocinador disso tudo.

Não há como tentar compreender a ação do traficante, em todos os níveis do tráfico, sem tentar entender o mercado que o sustenta.

Nem vamos falar de maconha, mas da droga pesada mesmo, que é a que movimenta milhões e causa os maiores danos sociais.

Fazer o quê? Em primeiro lugar, vamos deixar de ser cínicos. O traficante da ponta do atacado e do varejo é possivelmente em sua maioria negro e existe para atender às demandas do consumidor em maioria branco.

E tem muita gente próxima desse consumidor branco que defende, como cidadão de bem, religioso e armamentista, a caçada e se possível a eliminação do traficante negro.

A classe média moralista, preconceituosa e racista, contaminada pelo bolsonarismo, vê o problema só no traficante negro.

O consumidor branco (muitas vezes também ele um fascista) está sempre encoberto nessas abordagens. Ele precisa ser protegido.

O consumidor é resguardado, como se não tivesse relação nenhuma com a realidade do tráfico, para que a caçada aos traficantes continue e a classe média finja que dorme em paz.

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ARGENTINA
Ainda sobre tráfico e drogas, uma notícia triste, mais uma da Argentina e suas tragédias. Há pelo menos 20 mortos e mais de 70 hospitalizados pelo consumo de cocaína com veneno.

E ainda há os que morreram em casa sozinhos e ainda não foram localizados.

A suspeita é de que a droga tenha sido misturada com veneno de rato, por acidente ou por causa da guerra de facções.

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A DELEGADA
A delegada federal Denisse Ribeiro enviou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, a conclusão do inquérito sobre o vazamento de uma investigação de ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral.

Denisse reafirmou no relatório que houve crime na atuação de Bolsonaro, do deputado Filipe Barros (PSL-PR) e do ajudante de ordens presidencial Mauro Cid no caso.

Os três vazaram ou ajudaram a vazar informações sigilosas. Moraes já deu 15 dias para a Procuradoria-Geral da República se manifestar sobre o relatório.

Ninguém é otimista o suficiente para achar que acontecerá alguma coisa com os três.

Mas já se sabe o que pode acontecer com Denisse, que cuida dos inquéritos das fakes news e das milícias digitais. Cuida por enquanto. Cuidará até quando?

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O VICE
O vice é, em empresas, grêmios estudantis, clubes de futebol, prefeituras e governos de países, o cara que complementa, que acrescenta e que assim amplia alcances.

O vice pode, em toda parte, ser uma espécie de outra face do presidente. Isso é uma obviedade desde o início do mundo.

Pois Augusto Heleno e Braga Netto estariam disputando o lugar de vice na chapa de Bolsonaro, no que seria uma repetição da fórmula com Hamilton Mourão.

Dois generais assumidamente de extrema direita querem ser o vice de um sujeito cada vez mais à direita da extrema direita e desgastado e moribundo exatamente por isso.

Pode funcionar? No Brasil, tudo pode. Até o Queiroz pode requerer o lugar de vice.

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