DEBATE EXPÔS O QUE SOBROU DA DIREITA
O Brasil que dorme cedo escapou do pior debate político desde o fim do Império Otomano. A Globo e William Bonner tiveram ontem o seu dia de Record, com esplendor e glória.
O roteirista maluco de um debate de ficção não conseguiria elaborar um enredo de palco tão improvável, a partir da aparição de um padre num ambiente político há muito tempo ocupado por delegados, coroneis e pastores.
O país foi apresentado finalmente ao que temos de pior, de mais patético e de mais tragicamente risível.
Covas, Brizola e até Enéas, que já não estão entre nós, ficariam constrangidos com o que se viu na TV. Os que ainda estão vivos, daquela turma de 1989, devem ter se envergonhado. Inclusive Collor.
Lula não ganhou nem perdeu. Mas não precisava ter ido. Está claro que, se não fosse, não entraria no bate boca com um farsante vestido de sacerdote.
O maior líder da democracia moderna brasileira, na definição do The New York Times, ficou frente a frente com um impostor e entrou na provocação do laranja de Roberto Jefferson.
O golpe criou Bolsonaro, Felipe D’Avila (saudade de Afif Domingos), Soraya Thronicke, Padre Kelmon. O debate, com os personagens pós-2016, foi o teatro derradeiro do que vem sendo construído desde 2016.
Ciro Gomes, que nunca gagueja, tropeçava na própria arrogância ao tentar citar números que embaralhava. Pela metade do debate, Bolsonaro parecia ameaçar desabar a qualquer momento.
Lula e Simone Tebet salvaram o que deveria ter sido o confronto decisivo dois dias antes da eleição. Foi uma encenação de baixo nível, com figuras saídas das piores sombras da política.
Um debate em que Bolsonaro chegou a afirmar: “Um governo sem corrupção, orgulho nacional, um governo limpo”.
Foi, como tentativa de contribuição para a democracia, a pior coisa produzida nas últimas décadas.
Padre Kelmon, mais medíocre do que imaginavam os que não viram o debate na Bandeirantes, foi a última assombração da extrema direita a se apresentar ao vivo, e fantasiada, antes da despedida do fascismo.
Foi o debate da pilantragem, com um detalhe que não pode ser subestimado: diante de uma pergunta de Soraya, Bolsonaro se negou a dizer se pretende aplicar o golpe.
Para eu que nunca tinha visto esta figura, ver o tal padre no debate foi assustador.Primeiro porque nem padre era, segundo, também não era candidato, acredito QUE NEM PROGRAMa dE GOVERNO DEVA TER, OU SE O PARTIDO fez por uma questão legal, ele não deve ter ideia do que se trata. Terceiro, O que alguém assim, que não é padre (não merece nenhum respeito ao contrário do que ele tentou enfiar na goela da Soraya), nem candidato e que nunca apareceu em nenhum pesquisa e nenhum outro debate importante, fazia num debate importante entre candidatos a presidência? Quarto, em questão de moda, eu não sabia se ele queria se passar por africano, por umbandista, por padre ou LGBT ou ainda mafioso, aquele crucifixo exageradamente grande me fez lembrar dos colares de ouro que os mafiosos e traficantes costumam usar (além de alguns rappers), a batina de algum tipo de padre (ou fantasia de padre me parece mais apropriado), o chapeuzinho que lembra os toucas usadas por alguns africanos, estilo “um príncipe em Nova York”, e aquela cara de safado, pensando e falando safadezas com uma tentativa de ser angelical, pois afinal ele era uma padre, e segundo ele merecia respeito por ser um baluarte da moral, uma pessoa ilibada (kkkkkkk!!!).
Quando ele começou a falar que o governo Bolsonaro era bom, e o presidente uma “pessoa” decente, dai mostrou que realente era um cabo eleitoral fantasiado de padre candidato, ou um padre de festa junina.
Pra piorar mais ainda, disse que no debate só tinha dois candidatos de centro e o resto tudo comunista e satanista.
Realmente a política brasileira não merecia isto, ele fez o Tiririca parecer um diplomata sábio e o macaco Simão um candidato real e político competente.
Sorte que o Ulysses, Covas, Brizola até o Enéas não tiveram que ver isto. Sinto pena do Lula, que não só teve que ver isto, mas conviver por 3 intermináveis horas com isto.