O VAZIO AO REDOR

A breve história desta foto. Saímos do filme do Clint no Barra. Virgínia foi ao banheiro, pagou o estacionamento no caixa eletrônico e sentamos para discutir a cena do cachorro na estrada.
Não havia mais ninguém no shopping, passava da meia-noite. Quando percebemos, estávamos rodeados de vazios. Andamos de um lado pra outro e nada de achar a saída. Alguns minutos depois apareceu um guarda.
O rapaz indicou uma saída lá no fundo, para o leste. Fomos sem pressa.Estava fechada. Procuramos o guarda de novo e ele havia sumido. Era tanto silêncio que se ouvia a respiração dos manequins nas vitrines.
Uma sensação estranha de estarmos sozinhos num lugar de multidões. Quando nos perdemos, Virgínia já estava com uns 20 anos.
Aí nesse momento, já descalça e serelepe, brincando de presa para sempre no shopping, havia chegado aos 16.
E eu imaginei então que o guarda iria dizer que teria que falar com o gerente, mas que o gerente estava dormindo.
Lamentavelmente, teríamos de passar a noite no Barra. Numa poltrona, no chão, na escada rolante, no cinema.
Poderíamos contar depois sobre a noite no shopping para os netos, os amigos, quem sabe até numa palestra sobre como manter a calma e vencer a angústia num shopping vazio.
Passamos a torcer para que o guarda não reaparecesse. Virgínia dizia: não aparece, não aparece, não aparece.
E andávamos pelos labirintos do Barra imaginando que um prédio novo também pode ter fantasmas.
Mas eis que de repente o guarda reapareceu e disse: lá na direção do Big, lá tem um corredor. E fomos. E havia mesmo o corredor. E finalmente conseguimos sair. Frustrados.
Por que não nos escondemos do guarda?
Pois conto isso porque já enfrentei tudo junto com essa moça da foto. Mas nunca dormimos num shopping vazio. O guarda cortou o nosso barato. Mas teremos outras chances.
Feliz Dia da Mulher, dona Preta.

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