OS BOLSONAROS ESTÃO CERCADOS

O jornalismo amigo da direita – e que ajudou a inventar a extrema direita – agarra-se à ideia de que Bolsonaro tenta se fortalecer ao induzir Sergio Moro a ir embora, esvaziar Paulo Guedes, entregar o poder aos militares e ao atrair o Centrão.

A realidade é outra. Bolsonaro está cercado. Ele os filhos estão acuados e buscam blindagens de emergência. Não há mais estratégia, só tática de sobrevivência.

Não há tentativa de fortalecimento político. O que existe é a busca desesperada para cavar trincheiras.

O aparelhamento da Polícia Federal não deu certo com Sergio Moro. E agora pode ser tarde para que dê certo com outro delegado amigo da família. Quase nada deu certo.

Todos os movimentos da família, a partir de agora, serão gestos de desespero. Bolsonaro sabe que Moro sabe o que eles fizeram no verão passado. O ex-juiz deu na coletiva avisos a Bolsonaro de que pode contar mais.

Moro deve saber detalhes das relações dos Bolsonaros com os milicianos, ou conhece quem sabe. Sabe muito sobre as motivações de Bolsonaro para esvaziar a PF do Rio, na tentativa de proteger grupos as milícias.

Moro deve saber coisas ainda não contadas sobre Ronnie Lessa, o assassino de Marielle que por acaso era vizinho dos Bolsonaro. Deve ter informações sobre a execução do miliciano Adriano da Nóbrega. E sobre os segredos em torno de Queiroz.

O ex-juiz deve ter armazenado informações preciosas sobre outros acasos na vida de Bolsonaro e de seus garotos.

Os detalhes técnicos sobre o enquadramento de Bolsonaro em crimes diversos, a partir das informações dadas por Sergio Moro, são importantes, mas passam a ser detalhes.

O que importa é o lastro da reação política ao desarranjo criado pela sequência de fatos criminosos envolvendo Bolsonaro, os filhos e os cúmplices do entorno. A política vai encurralar e derrotar a família.

Até Fernando Henrique Cardoso decidiu pedir a renúncia do homem. Daqui a pouco, Bolsonaro terá apenas o apoio dos militares, o que denunciará ao país o maior constrangimento já enfrentado pelas Forças Armadas.

Os militares tiveram, em 64, o argumento de que combatiam a ameaça comunista e a desordem política interna. Mesmo que fossem pretextos, eram parte de um argumento ‘moralizante’ aceito pelo conservadorismo.

Hoje, não há argumento capaz de sustentar o apoio dos generais a Bolsonaro. Os generais podem, se Paulo Guedes sair, constituir o último reduto de apoio ao governo com alguma reputação.

A única preocupação de Bolsonaro, em meio à pandemia, é cuidar dos problemas policiais dele e dos filhos. Mas daqui a pouco, Bolsonaro não conseguirá cuidar nem disso e nem da própria fuga.

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