OS HACKERS DE MOSCOU E DE TAUBATÉ

A informação que mais circula sobre os hackers presos é esta: são espiões de baixa qualidade, que fizeram uma intromissão tosca nos celulares ou nos arquivos de Sergio Moro e Deltan Dallagnol.

Estamos diante de invasores de terceira categoria (um deles seria ligado ao PFL), que usaram baixa tecnologia para hackear informações das duas maiores autoridades da Lava-Jato, o juiz e seu subordinado imediato no Ministério Público.

Diante disso, parece desfeita a suspeita, repetida em declarações categóricas do ex-juiz, de que os hackers seriam parte de um esquema poderoso e milionário de tentativa de destruição da Lava-Jato.

Seriam, mas ainda não temos os hackers de Moscou. Os presos ontem seriam artesãos do hackeamento de fundo de quintal em Araraquara.

E aí então podemos chegar às outras conclusões. Se qualquer hacker de várzea hackeou as informações de duas altas autoridades, envolvidas na maior caçada a corruptos da História, é porque o sistema de segurança deles também era tosco.

Se Moro tudo sabia de todo mundo, determinando grampos inclusive de advogados de Lula, como ficou tão exposto a invasões de estelionatários?

Ao depreciarem os hackers, os hackeados estão desqualificando a estrutura que estava montada em torno deles e levando a outra conclusão: Moro e Dallagnol tinham (e talvez ainda tenham) a soberba dos intocáveis e indevassáveis.

Mas Moro e Dallagnol devem saber que conviveram com um vazador de informações bem mais próximo do que os chinelões que brincavam de hackear os lava-jatistas.

Moro e Dallagnol sabem que essa história dos hackers não tem relação alguma com as conversas escabrosas vazadas para o Intercept. Eles sabem que os diálogos reveladores do conluio juiz-procurador estão sendo conhecidos agora por outro vazamento.

Esse é o drama de Moro e Dallagnol. Mesmo que tenham sido presos os hackers de Taubaté, o pesadelo continua. Os dois devem continuar as investigações (ou não), porque o grande vazador pode estar longe dos hackers trapalhões. O medo dos vazados não se desfez.

Os arquivos das conversas do conluio podem ter saído de gente que talvez tenha convivido com os conversadores, ou que ainda esteja convivendo. Saiam de Taubaté.

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