OS MANDETTAS E AS MANADAS
Luiz Henrique Mandetta estaria desafiando Bolsonaro, ao pedir na entrevista coletiva de hoje que todos fiquem em casa e ao condenar as carreatas?
Chamou os grupos que foram às ruas pelo nome. Os participantes das carreatas são manadas, que fazem ‘movimentos assimétricos’, indo para as ruas, pedindo que as pessoas voltem a trabalhar, mas ao mesmo tempo buscando o isolamento.
A mudança de discurso seria seu salto sem rede, para o tudo ou nada, desafiando até a pressão dos empresários que pedem a reabertura do comércio?
Ou amanhã muda de novo? Ou Bolsonaro foi dominado pelos militares? Ou já estamos delirando?
O mais óbvio é que Bolsonaro tenha sido convencido de que não conseguiria dobrar Doria, Witzel, Caiado e os governadores da esquerda.
Mandou Mandetta recuar. Bolsonaro não apareceu mais para não pagar o mico do recuo.
Mandetta passa a ser sinônimo de falso fodão. Sergio Moro, por exemplo, é um Mandetta clássico.
Moro já era um Mandetta antes do surgimento de Mandetta.
O governador gaúcho, que vai e volta, é outro Mandetta.
A FOME NAS FAVELAS
Um drama alheio que não deve ter passado pela cabeça de Paulo Guedes enquanto caminhava pelo calçadão de Ipanema na quinta-Feira: a fome das crianças das periferias e das favelas que ficaram sem escola.
Crianças pobres, muitas vezes de famílias miseráveis, têm na merenda a principal refeição do dia. Estão em casa compartilhando restos do que sobrou nos armários da casa, quando há restos.
Guedes pensou nos bancos, nas empresas de cruzeiros marítimos (que poder têm essas empresas), nas companhias aéreas. Mas quem pensou nas crianças?
Não é um drama a ser resolvido mais adiante com o vale que será distribuído entre os pobres. É uma emergência que deve ser resolvida já. A burocracia pode matar tanto quanto o coronavírus.
E o que Bolsonaro vai dizer? Que não foi ele quem fechou as escolas. Que isso é coisa da cabeça de governadores e prefeitos.
A próxima imagem pode ser a do povo descendo os morros do Rio, onde falta água e comida. E aí Bolsonaro terá um dos pretextos que procura para o golpe.
