OS MÉDICOS MISTERIOSOS QUE CERCAM MANDETTA

O jornalista Kiko Nogueira, do DCM, fez a pergunta que a grande imprensa não quer fazer: quem eram os dois médicos que entraram no Palácio do Planalto e tentaram convencer Luiz Henrique Mandetta a assinar, sob pressão, um protocolo que poderia liberar por decreto o uso massivo da hidroxicloroquina no tratamento de infectados pelo coronavírus?

Essa pergunta anda solta por aí há dois dias. Mandetta contou que, depois da tensa reunião de segunda-feira com Bolsonaro, em que os generais decidiram que ele não seria ser demitido, foi chamado para uma sala.

Lá estavam dois médicos (e quem mais?), um anestesiologista e uma imunologista. Vieram com a conversa do protocolo. Mandetta, que prefere aguardar resultados mais conclusivos dos experimentos para liberar o uso em massa do remédio, negou-se a continuar a conversa.

Como os médicos foram parar dentro do Palácio do Planalto? Como se atrevem a chamar um ministro para uma sala, na tentativa de fazer com que assinasse um protocolo? Foram mandados por Bolsonaro? Pelos filhos de Bolsonaro? Quem os levou à sala?

Mandetta deveria dizer quem são os médicos, já que fez a confissão e decidiu avisar seus assessores para que espalhassem a sua resistência à pressão de dois profissionais que parece conhecer.

Médicos que assumiram a defesa pública do remédio têm frequentado a imprensa. São nomes que se repetem. A mais insistente é a imunologista Nise Yamaguchi. Ela estava na reunião?

Em nome da transparência, num momento tumultuado, o ministro precisa dizer quem faz lobby em nome da ciência. E quem faz lobby em nome da empresa de um amigo de Bolsonaro que fabrica o medicamento usado contra malária e lúpus.

Também precisam esclarecer quais são os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde para uso do remédio na rede pública. As informações de ontem são de que aos poucos Mandetta começa a ceder à pressão dos lobistas e dos fabricantes da droga, que mobiliza interesses explícitos de Trump e de muita gente que ainda não mostrou a cara.

O jornalismo investigativo deve essa reportagem: quem são e que ligação têm com os Bolsonaros os lobistas pelo uso da hidroxicloroquina, o ouro da Serra Pelada da pandemia?

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