OS MILITARES FRANCESES FICARAM VALENTES

Os franceses têm hoje mais coisas em comum com os brasileiros graças à extrema direita militarizada. Há muito tempo eles convivem com pregações políticas extremistas. O Brasil elegeu um extremista.

A coisa em comum é que os militares franceses estão largando um manifesto por semana para dizer que irão cumprir o compromisso histórico de defender o país.

Nós também temos manifestos de militares. A diferença é que aqui as notas ameaçadoras são do Clube Militar, dos oficiais que já estão de pijama, e lá são de militares da ativa, chamados de nova geração. Eles assinam manifestos anônimos.

Os militares jovens se acham no direito de defender a França do que chamam de perigosas “concessões ao islamismo”.

Quem conhece um pouco da história recente sabe da valentia do Exército francês para defender o país da ocupação dos nazistas na Segunda Guerra. Foi um fiasco.

Houve resistência? Houve, mas à margem do colaboracionismo e muito depois do país ter sido tomado. A resistência foi a exceção dos que não queriam ser subjugados pelos alemães. A maioria foi subjugada durante quatro anos.

Agora, os militares vêm com essa conversa de defesa histórica do país, quando se sabe que a França foi salva pelos americanos e, depois, na libertação da Europa, quando da ocupação da Alemanha pelos russos.

Os militares franceses (não vamos falar de tempos napoleônicos, nem das crueldades nas colônias africanas) são tão eficientes quanto os argentinos, que entraram na guerra que nunca venceriam contra os ingleses.

A revolta dos jovens e reacionários militares franceses do século 21 aciona uma pergunta inevitável: até que ponto essa ameaça de golpe em Paris mexe com os entusiasmos da extrema direita mundial,
incluindo a bolsonarista?

É possível que Bolsonaro e seu entorno se empolguem com o blefe
dos franceses e se sintam autorizados a continuar blefando? Ou Bolsonaro nem sabe direito onde fica a França e o que esses manifestos significam?

ELE ACHA QUE O EXÉRCITO É DELE
Bolsonaro vai oscilando num detalhe relevante do blefe em que ameaça a oposição e o Supremo com o Exército. Até o dia 10 de abril, o sujeito se referia ao “meu Exército”, para dizer que os militares iriam às ruas contra possíveis medidas de lockdown dos governadores.

Esse “meu Exército” causava desconforto entre os militares. Naquele dia 10, Bolsonaro referiu-se ao “nosso Exército”. E no dia 15 de abril decidiu falar do “seu Exército”, do Exército da população.

O Exército era dele, depois era nosso e depois era apenas do povo. No dia 7 de maio, citou em, em discurso em Porto Velho, “a minha Marinha, o meu Exército e a minha Aeronáutica”.

E assim ele vai jogando com os pronomes possessivos, para testar reações. Sempre lembrando que Bolsonaro se desfez do ministro da Defesa e dos comandantes das três armas no dia 30 de março.

Ele dá a entender que está bem à vontade com os novos comandantes. O Exército é dele e pronto. Os militares que o incomodavam já estão longe do comando de armas e tropas. Bolsonaro pode voltar a ser infantil.

DIFAMAÇÁO DE R$ 30 MIL
O jornalista bolsonarista Augusto Nunes nunca foi encontrado pelo oficial de Justiça para ficar ciente de um processo de difamação movido pela deputada Gleisi Hoffmann.

Acabou condenado pela 3ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e vai pagar R$ 30 mil à deputada, a quem se referiu em 72 textos como “a amante”.

Li essa notícia há pouco e atentei para o detalhe do truque de não receber o oficial de Justiça.

Há outros truques. E faço um breve depoimento pessoal. Um fascista que me ameaçava na Aberta dos Morros, zona sul de Porto Alegre, foi embora e agora os oficiais de Justiça (que o procuram por vários outros rolos) batem aqui em casa.

O fascista deu o número da minha casa, e não da casa onde morava, para enrolar e ganhar tempo. Já dei três explicações. Os oficiais de Justiça saem abanando a cabeça.

A extrema direita trapaceira é cheia de truque sujos.

(Esse sujeito, contra quem fiz três queixas na polícia, foi embora e quase dois anos depois recebi uma notificação para que informasse à Justiça se levaria o caso adiante. Só dois anos depois e no meio da pandemia. Desisti, porque o sujeito havia ido embora. O fascista já deve estar incomodando em outra freguesia.)

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