Os ‘neutros’

Os manifestos assinados pela associação dos Juízes para a Democracia, na semana passada, e pelos promotores e procuradores do Coletivo por um Ministério Público Transformador, divulgado hoje, ambos em defesa do direito dos estudantes de ocuparem as escolas, são exemplos do vigor dos democratas num país atordoado por um golpe. E são também atitudes que constrangem os que continuam calados.

Juízes, promotores e procuradores poderiam dizer, como dizem alguns, que são submissos ao que está nas leis, em nome da ordem, desde que as leis e a ordem favoreçam sempre os mesmos. Mas não ficaram quietos e emitiram duas notas corajosas.

Já entidades que marcaram posição na reconquista da democracia e do fortalecimento das instituições, no século passado, hoje se mantêm silenciosas, encaramujadas, enquanto se disseminam as decisões que criminalizam os movimentos sociais e o direito de manifestação de trabalhadores e estudantes.

Estão calados redutos de representação de categorias variadas, que assumiram nos últimos anos uma postura exclusivamente corporativa. Tais entidades poderiam, em nome da transparência, assumirem-se finalmente como associações recreativas.

Ainda bem que temos as manifestações dos juízes, dos promotores e dos procuradores. São uma lufada de vento no ambiente fétido e sombrio do golpismo, criado com a ajuda dos que se protegem na ‘neutralidade”.
E todos sabemos, apesar dos que disfarçam que não é com eles, que não há neutralidade no acovardamento.

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