Os parentes e a flor

Anuncia-se que a estrutura institucional do golpe irá fortalecer, em sua próxima etapa, ações inspiradas no nazismo de muito antes da Guerra.
O foco se dirige cada vez mais a parentes de investigados ou contrariados com as atitudes seletivas e abusivas da Lava-Jato. Vai sobrar pra todo mundo, inclusive, como aconteceu lá longe, entre os anos 20 e 40, para o jornalismo que não aderiu ao colaboracionismo.
Além do muito do que já se divulgou a respeito, há mais duas informações nesta linha na Folha de S. Paulo de hoje, em textos de Mônica Bergamo e de Jânio de Freitas. É clara a percepção de que as instituições brasileiras podem estar a caminho de escancarar a opção pelo desmando.
Ao mesmo tempo, amplia-se a guerra de grupos na Polícia Federal, no Ministério Público e no Judiciário, para saber quem pode mais. E degradam-se as relações entre quem investiga, quem acusa e quem julga.
As ações que já expuseram mulher, filhos, netos, noras, cunhadas e amigos de investigados inauguraram uma prática que se aperfeiçoa e se dissemina.
Se este fosse um texto de auto-ajuda, eu diria: protejam-se.
Como não é, eu digo apenas que espero, da parte ainda sadia das instituições, que reajam com valentia. Não com notinhas chorosas e formais que saem em cantos de página dos jornais e circulam pela internet, mas com ações enérgicas e decididas.
O golpe só está começando e, por enquanto, para muita gente, é apenas um problema dos outros.
Não tem outro jeito. É hora de apelar de novo para o poema de Eduardo Alves da Costa (e não de Brecht ou de Maiakóvski, como muitos pensam): Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor…

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