OS TORTURADORES DA MASMORRA DE CURITIBA

Os procuradores da Lava-Jato sabiam que eram mais do que investigadores e acusadores agindo pretensamente em defesa do patrimônio público.

Sabiam que estavam muito acima do poder do Supremo e tinham certeza de que ninguém da estrutura da Justiça teria coragem de questionar suas ações.

Eles sabiam que agiam como justiceiros e como membros de uma facção que, se fosse preciso, fazia os investigados mijarem sangue.

O método consagrado foi o das prisões preventivas sem fim, solicitadas e determinadas em conluio com Sergio Moro.

Presos preventivamente sabiam se seriam condenados a ficar mais de um ano encarcerados (como muitos ficaram), antes de julgamentos, se não contassem o que sabiam e o que não sabiam.

Sergio Moro e Deltan Dallagnol tratavam os acusados como se já tivessem sido condenados, porque a delação era o único método de “investigação” da Lava-Jato. A força-tarefa só existia por causa dos alcaguetes.

Um dos diálogos vazados, em que falam sobre possíveis delatores de uma empreiteira, revela um pouco mais do que eles de fato eram. Um procurador diz ao grupo:

“A OAS tem que mijar sangue para voltar à mesa”.

Expressavam um jeito aparentemente figurado de exaltar crueldades e assim repetir o modo de agir das polícias da ditadura. Era assim, a partir de 1964, que falavam e agiam os que tentavam fazer com que os presos políticos delatassem companheiros.

Dilma Rousseff disse em entrevista à TV 247 que fazer mijar sangue era uma das ameaças preferida dos torturadores. Espancavam até provocar hemorragias internas. Dilma foi torturada.

Na Lava-Jato, a tortura estava configurada na cadeia ’provisória’ sem fim. Não são poucos os juristas que viam a tática da força-tarefa como uma forma de tortura.

Os procuradores de Curitiba formavam um grupo que pode ter sido escolhido pela capacidade que cada um deles tinha de ser violento, cruel e inescrupuloso.

Eles não eram apenas justiceiros sem respeito a normas elementares que deveriam cumprir. Eles formavam um grupo especializado em arrancar confissões.

E tinham outras marcas que deveria envergonhar o Ministério Público: eram infantis e bagaceiros.

Expressavam-se como bagaceiros quando se referiam a Lula. E quando falavam da hipótese de perseguir filhos de ministros do STJ e riam das próprias ideias criminosas.

Eram uma bagaceirada reunida em grupos de mensagens (e possivelmente ao vivo, na presença um do outro) quando brincavam até com o sofrimento de um preso com Alzheimer, forçado a delatar colegas.

Reuniram em Curitiba não a elite do Ministério Público, sob o comando de Sergio Moro. Integravam a força-tarefa os que estavam aptos a agir fora da lei e a cumprir ordens de um juiz que iria depois trabalhar para a extrema direita no governo.

A facção era um mundo à parte. Todas as atividades profissionais são submetidas a códigos de conduta, escritos ou não. Os procuradores, que até agora foram poupados por conselhos internos que deveriam puni-los, estão impunes também pelo silêncio da categoria.

São cúmplices dos torturadores de Curitiba, pelo imobilismo e pelo silêncio corporativo, os membros do Ministério Público que deveriam reagir ao que já foi divulgado sobre os crimes de Curitiba.

Não para que sejam punidos com muito rigor ou batam em retirada, como deseja Gilmar Mendes, porque isso seria improvável. Mas para que o MP seja protegido dos desmandos de Dallagnol e seu grupo. Para que os crimes não se repitam.

O MP, por suas lideranças, terá em algum momento de dizer que não endossa e que repudia o que era feito em Curitiba sob as ordens de um juiz. Estamos aguardando.

2 thoughts on “OS TORTURADORES DA MASMORRA DE CURITIBA

  1. Sim é isso: “””O MP, por suas lideranças, terá em algum momento de dizer que não endossa e que repudia o que era feito em Curitiba sob as ordens de um juiz. Estamos aguardando””. Sim é vergonhosa esta demora dos colegas de Ministério Público em tomar uma posição. Não vejo o momento em qeu este senhor Deltan e o senhor Sérgio Moro sejam presos, e é claro junto com outros tantos, pelo enorme prejuízo moral, financeiro, estrutural e tantos outeos que causaram ao país. Estes procuradores, esta súcia, tem de ser presa.Mas será que o corporativismo jurídico irá concordar?

  2. Continua NAS MÃOS D@S MINISTR@S DO STF A DECISÃO SOBRE A SUSPEIÇÃO DE MORO E, POR TABELA, D@S PROCURADORE(a)S. PARECE QUE RONDA UM CLIMA DE Passada de pano pr@s parças de Curitiba e o espírito de corpo vai prevalecer, em que vale a seguinte máxima: colega, hoje eu sou vc amanhã.

Deixe uma resposta para André Cipoli Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Website Protected by Spam Master


8 + 3 =