OS VENCEDORES E SUAS GRANDES DERROTAS

O uruguaio Tabaré Vázquez é figura respeitada da esquerda latino-americana e inspiração para os que vão adiante, apesar de sofrerem derrotas aparentemente incontornáveis.

Tabaré tem sido notícia nos últimos dias porque luta pela vida, com o agravamento das complicações causadas por um câncer de pulmão.

Pois Tabaré foi o primeiro presidente eleito pela Frente Ampla no Uruguai, em 2004. Mas tentou três vezes. Na primeira, em 1994, já com 54 anos, foi derrotado pelo colorado Julio Maria Sanguinetti.

Em 1999, tentou de novo e perdeu para outro colorado, Jorge Batlle. Só foi vencer na terceira tentativa, já no primeiro turno, enfrentando toda a direita uruguaia. Estava com 64 anos. Em 2014, seria eleito pela segunda vez.

Lula tentou quatro vezes, em 1989, 1994, 1998 e em 2002, quando finalmente se elegeu aos 57 anos e abriu caminho para 13 anos de PT no poder.

François Mitterrand também tentou a presidência da França por três vezes, em 1965, 1974 e 1981, quando se elegeu aos 65 anos.

Todos os citados são de esquerda e todos persistiram até a consagração. Tabaré pode não ser mais famoso do que Pepe Mujica, mas foi o primeiro a quebrar a hegemonia do conservadorismo uruguaio no poder.

Na urgência da política, eleições são sempre demolidoras, se frustram projetos adiados por uma sequência de derrotas. Mas entre o primeiro fracasso e até chegar à vitória, Mitterrand caminhou por 16 anos. Lula, por 13 anos. E Tabaré, 10 anos.

A política é para quem tem pressa, mas não é para quem não sabe parar e até andar pra trás, para só então poder voltar a caminhar adiante.

Mitterrand, Lula e Tabaré souberam, porque tinham sonhos, persistência e companhia para continuar andando.

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