OS PÂNTANOS DE BOLSONARO ENGOLEM OS MILITARES

Complica-se cada vez mais a imagem das Forças Armadas, com a participação de generais e altos oficiais como protagonistas de todas as áreas do governo negacionista, vingativo, destruidor, medíocre e corrupto de Bolsonaro.

Confirma-se uma previsão que se repete desde o início do governo. Com grande participação de cerca de 6 mil militares no poder, era certo que alguns deles se envolveriam em rolos.

O general Eduardo Pazuello é o que está em situação mais difícil, sob a acusação de que cometeu crimes graves na condução da política de saúde contra a pandemia.

Uma nova bomba foi colocada agora no colo de Pazuello pelo próprio Bolsonaro. O sujeito informou que a denúncia de superfaturamento na compra da vacina Covaxin foi encaminhada a Pazuello em março.

É uma tentativa de empurrar a confusão para o ex-ministro. Mas as datas não fecham. Bolsonaro se reuniu com Luís Ricardo Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde, e o irmão do servidor, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), no dia 20 de março.

Foi quando os dois o informaram da suspeita de roubos nos negócios com a vacina indiana. Mas Pazuello pediu demissão no dia 15 de março e saiu no dia 23. Bolsonaro passou a informação a um ministro que estava saindo?

Como Bolsonaro poderia levar a Pazuello a denúncia sobre as pressões para a compra da vacina superfaturada, se Marcelo Queiroga só estava esperando para assumir?

Uma hipótese a ser considerada é a de que Bolsonaro e Pazuello já sabiam da denúncia antes do encontro com os irmãos Miranda.

O senador Randolfe Rodrigues acredita que Bolsonaro usa contra Pazuello “a mesma estratégia de lançar ao mar antigos amigos”. Bolsonaro pode dizer: se não investigaram nada, é porque Pazuello foi omisso.

Outro oficial frequenta as manchetes desde ontem, enrolado no mesmo caso da vacina indiana. Luís Ricardo Miranda contou ao Ministério Público que o coronel Alex Lial Marinho o pressionava para fechar a compra da Covaxin.

O coronel foi coordenador-geral de Logística de Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde na gestão Pazuello. Marinho seria um dos lobistas que agiam em favor da empresa Precisa, que fez a intermediação da compra superfaturada.

Pazuello e Marinho estão complicados. Mas bem antes de os dois serem investigados, o coronel da reserva George Divério, ex-superintendente do Ministério da Saúde no Rio, afundou em suspeitas de corrupção pela contratação, por R$ 28,9 milhões, de empresas prestadores de serviço.

A denúncia foi feita pelo Jornal Nacional, que teve acesso aos documentos com indícios de fraude em contratos sem licitação. Só a empresa SP Serviços receberia R$ 18,9 milhões pela reforma do prédio do Ministério da Saúde no Rio.

Essa e outras empresas eram de gente das relações do coronel, que havia sido nomeado em junho de 2020 por Pazuello e foi demitido do Ministério da Saúde no dia 6 de maio deste ano, depois das reportagens do JN.

Luís Ricardo Miranda e seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), depõem hoje à tarde na CPI do Genocídio. O deputado pode estar agindo por impulso e por algum ressentimento com Bolsonaro, ao reforçar as denúncias do irmão sobre a vacina superfaturada.

Mas Luís Ricardo é servidor de ponta, em cargo de chefia, que conhece os labirintos de negócios bilionários do governo. Não pode estar cometendo o desatino de ir adiante sem provas.

Luís Ricardo terá de provar o que disse sobre o coronel e sobre a reunião do dia 20 de março com Bolsonaro no Alvorada, ao lado do irmão deputado.

Hoje, Brasília estremece, porque o debate na CPI sai finalmente do lenga-lenga do negacionismo e chega aos negócios das vacinas.

As denúncias que serão detalhadas nesta sexta-feira valem o preço do contrato superfaturado que mobilizou um coronel atrás do negócio da Índia da Covaxin. Valem R$ 1,6 bilhão.

https://www.matinaljornalismo.com.br/

One thought on “OS PÂNTANOS DE BOLSONARO ENGOLEM OS MILITARES

  1. Incrível este Brasil bolsonarista que vivemos. Nem Kafka com seus universos que desafiam medos e imaginações conseguiria escrever o Brasil de hoje.

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