PARTIDO DA FAMÍLIA BOLSONARO JÁ É UM NEGÓCIO QUEBRADO

Tentam medir o que seria a base política e social de Bolsonaro com pesquisas imprecisas e estimativas precárias. O fracasso do projeto do partido da família oferece uma medida concreta.

O Brasil tem hoje 33 partidos. Ninguém sabe dizer quase nada da maioria, de onde cada um saiu, o que representa, qual é seu programa, quem são seus líderes.

Talvez saibam alguma coisa de uma meia dúzia, não mais do que isso, porque a maioria existe apenas como negócio. Mas o certo é que temos 33 partidos registrados.

E Bolsonaro não consegue registrar o seu. A família sonha com um partido só dela para poder gerir o fundo milionário sem o incômodo de repartir dinheiro com os laranjas do falecido Gustavo Bebianno.

Mas não conseguiram nada até agora. Levaram recrutadores de assinaturas para esquinas, quermesses, shoppings, feiras, cartórios, casamentos, igrejas e cemitérios e fracassaram.

Até a semana passada, segundo levantamento da Folha, o Aliança de Bolsonaro tinha apenas 15.721 assinaturas confirmadas. E precisa de no mínimo 492 mil assinaturas, por exigência da legislação eleitoral. Obteve 3,2% do que é necessário.

Muitos palpiteiros medianos têm mais seguidores nas redes sociais do que o partido da família Bolsonaro. A lista de assinaturas de aliancistas (ou seriam alianceiros?) tem mortos, tem gente que não existe, tem filiados a outros partidos.

Um manifesto contra ou a favor de qualquer coisa, atirado na internet, consegue mais assinaturas em uma semana do que o partido da extrema direita idealizado pela família em oito meses.

Há 77 partidos em formação no Brasil. Podemos ter, daqui a pouco, cem partidos, dos futebolistas, dos ciclistas, dos caçadores, dos carecas. E o partido dos Bolsonaros talvez não esteja entre os que forem criados.

O Aliança pelo Brasil deve ser o único, entre todas as propostas de partido, que nasce do projeto pessoal de uma família. Está no plano de ampliação dos poderes de um pai e três filhos.

Os Bolsonaros disputam a fidelização de uma parte de 148 milhões de eleitores. Se essa porção fosse de 15% de bolsonaristas mesmo, como dizem as pesquisas, e não de eventuais apoiadores, eles teriam potencialmente um mercado de pelo menos 22 milhões de filiados.

Se apenas 10% desses 22 milhões de bolsonaristas se dispusessem a aderir a uma filiação, para viabilizar o partido da família, seriam 2,2 milhões de eleitores. Mas eles conseguiram míseras 15.721 assinaturas.

O PT, que a direita, em conluio com notícias da grande imprensa, chegou a considerar sob ameaça de extinção, tem 1,5 milhão de filiados. É dado oficial do site do TSE.

O partido de Bolsonaro não consegue a assinatura de compromisso de adesão porque a maioria dos simpatizantes desconfia que esse é apenas mais um negócio da família.

Os Bolsonaros têm fortuna imobiliária, têm poder, votos e vínculos com milícias que atuam como empresas, mas não têm um partido e talvez não consigam ter. É provável que continuem sendo predadores dos partidos dos outros, como Bolsonaro foi do PSL de Bebianno.

Reafirma-se, com o fracasso do partido de Bolsonaro, a suspeita de que o sujeito é apenas uma gambiarra da direita. Bolsonaro cumpriu uma tarefa, dando colo aos tucanos sem rumo e ao antipetismo doentio, mas não tem a base eleitoral e social que muitos pensaram que um dia teria.

Se fosse um fenômeno de massa a ser levado a sério, mesmo que ainda em formação, Bolsonaro não estaria preocupado agora com a criação de um partido que ninguém quer.

Bolsonaro vai para a eleição municipal sem seu negócio próprio porque o bolsonarista oportunista é, em maioria, alguém que não deseja ter vínculos duradouros com a família.

Os Bolsonaros sabem que cumpriram uma empreitada provisória. O Aliança é um negócio que a família conseguiu quebrar antes de abrir.

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A CHARGE DO AROEIRA NO BRASIL 247

2 thoughts on “PARTIDO DA FAMÍLIA BOLSONARO JÁ É UM NEGÓCIO QUEBRADO

  1. Por enquanto, A criação de um partido pode não ter dado certo, porém a chocolateria e a loja de carros usados devem estar indo de vento em popa.

  2. É o que eu penso.

    Parece insano que ele tenha milhões de seguidores nas redes sociais, quando sequer consegue 500 mil para criar o partido dele. O que PROVA que as redes sociais, no mínimo, recebem bem mais benefícios de um Trump e um Bolsonaro da vida que a honestidade ou a Lei permitem, porque em hipótese alguma eu acredito que ele e Trump tem tantos “admiradores” assim.

    É tudo uma farsa, um jogo lamentável e se ele conseguir essas quase 500 mil assinaturas, eu vou ter que suspeitar de fraude, mas não acho que esses cínicos estão preocupados com isso. Pelo andar das coisas e pelo descaramento, o que pensamos não importa nem um pouco.

    Pelas coisas que ele já fez, ele já deveria estar na cadeia, tendo imunidade especial ou não. Ele já passou há muito tempo dos limites.

    Em qualquer País decente, a gravidade das coisas que ele faz já o teria derrubado com ou sem impeachment. Mas parece que cada País tem o presidente que merece, já que um cara como ele, por exemplo, não conseguiria se tornar presidente na Noruega ou até mesmo Suécia, por mais fascista que a Suécia esteja se tornando.

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