PASSARINHO, WEINTRAUB E OS ANALFABETOS DIPLOMADOS

Essa é uma história sobre educação que não tem personagens de esquerda e não trata de Paulo Freire nem de Darcy Ribeiro. O personagem é de direita, o ministro da Educação de Médici, de 1969 a 1974, o coronel Jarbas Gonçalves Passarinho.

Um dia Passarinho foi a Alegrete prometer a criação da universidade que a cidade pedia há muito tempo. Discursou no Clube Caixeiral lotado e abordou o tema que mais o inspirava, a alfabetização.

“Me perguntam – disse Passarinho – quando vamos acabar com os analfabetos no Brasil e eu respondo: se formos acabar com os analfabetos, acabaremos com milhões de brasileiros. Nós vamos acabar com o analfabetismo”.

O povo delirou. Passarinho era um reaça sedutor. Criou o Mobral, o famoso programa de alfabetização, e se dedicou a perseguir estudantes e professores durante seu período no governo.

Se ressuscitasse e fizesse o mesmo discurso hoje, poderia dizer que, se fosse acabar com os analfabetos, acabaria com o ministro da Educação que o sucedeu quatro décadas e meia depois.

Abraham Weintraub é um analfabeto diplomado ocupando o mais alto posto da educação do país. Se fosse médico cirurgião, já teria matado muita gente.

Se fosse engenheiro, teria construído prédios sem estruturas mínimas e provocado tragédias. Mas Weintraub sobrevive como ministro, ao lado de outros que, se fossem empregados de empresas, já teriam sido mandados embora.

Weintraub não sai porque faz parte da lógica bolsonarista e porque os que poderiam derrubá-lo não têm forças nem para atacá-lo. Numa situação próxima do normal, professores e estudantes teriam derrubado o cara que escreve “imprecionante”.

É mais do que um erro que todos cometem. Não é uma troca de letras por erro de digitação ou mesmo uma falha de escrita do cotidiano de todos nós. É um erro de analfabeto.

Não é a troca de poço por posso, muitas vezes induzida pelo corretor. Posso e poço existem. “Imprecionante” não existe.

Se lesse e escrevesse, Weintraub teria sido orientado automaticamente pelos próprios dedos, sem parar pra pensar, a escrever certo. Mas o ministro prova há muito tempo, com erros grotescos, que não lê nem escreve.

Weintraub deveria ser demitido, não por decisão de Bolsonaro, que o protege, mas pela justa pressão de pais, professores, estudantes, das comunidades, dos liberais, dos democratas, das ruas, de quem tem o direito de exigir que a educação seja cuidada por quem tenha o mínimo de educação.

Escrever certo é o que se exige de um ministro da Educação, que dizem ser cheio de títulos – o que no Brasil dos fetiches por diplomas pode não significar nada.

Weintraub é o que existe de pior, porque tem poder, entre os que ainda se inspiram na ditadura para destruir o ensino público. São filhos e netos de Jarbas Passarinho, mas esses nem o Mobral conseguiria salvar.

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