PAULO GUEDES PODE SER RIFADO E TROCADO POR UM POSTO QUALQUER

Se Paulo Guedes fosse mandado embora do governo hoje, um mês depois nem os seus maiores defensores na Fiesp ou na Faria Lima se lembrariam dele. 

Guedes não significa mais nada para Bolsonaro e pouco significa para o empresariado e para o mercado financeiro e pode ser mandado embora. Nada do que Bolsonaro já fez ou fizer terá as consequências previsíveis em situações de normalidade. 

Com a eventual demissão de Guedes também será assim. Não há como ficar prevendo turbulências, porque no governo de Bolsonaro até as turbulências perderem sentido e não têm mais os efeitos que costumavam produzir.

Guedes é um adereço que mantém restos da empáfia de quem um dia seria o que nunca acabou sendo. É como um busto de bronze de uma figura de barba numa pracinha de Piracicaba ou de Alegrete. 

O busto está fincado no meio da praça há anos, porque disseram um dia que a figura tinha relevância, mas ninguém sabe direito o que ela fez e só descobrem seu nome porque está escrito numa placa.

Nos últimos meses, bateram muito mais no busto de Guedes dentro do que fora do governo. Esfolaram como quem bate num ministro de terceira classe. 

Em outubro, Onyx Lorenzoni disse em Porto Alegre Guedes que estava “perturbado” e falando “com o fígado, e não com o cérebro”. 

Guedes havia dito que Onyx perdia tempo inaugurando campos de futebol Brasil afora e entregando medalhas para jogadores de campeonatos de várzea.

Pouco depois, Guedes referiu-se, em reunião fechada, ao colega Marcos Pontes como um “burro”, que não sabia gastar nem o que o Ministério da Ciência e Tecnologia tem em orçamento. 

O astronauta havia reclamado de cortes na sua área e, logo depois, respondeu a Guedes na mesma linha de raciocínio de Onyx: “Ele está em um momento difícil e deve estar meio confuso para expressar suas ideias”.

Até Pontes esculachava com Guedes, não porque Bolsonaro tenha dado ordem para o esculacho, mas porque ele e Onyx perceberam que dava para afrontar o posto Ipiranga e que não daria nada.

Num governo forte, ninguém pisaria nos calos do ministro da Economia. Mas Guedes fracassou em todas as frentes. Nas reformas (a da Previdência é a única), nas privatizações, no enfrentamento da crise em meio à pandemia e muito antes da pandemia.

Economistas de direita lembram que o governo conseguiu aprovar a autonomia do Banco Central. Mas o que Guedes tem a ver com isso? E o que essa autonomia significa no contexto de uma economia morta?

Bolsonaro precisa de Guedes em 2022, não para tratar de questões que não entende e que interessam apenas ao mercado, mas para tentar sobreviver.

E aí o homem que um dia desqualificou o Programa Pró-Brasil de Braga Netto, diante de todos os colegas, pode chegar ao seu limite, se Bolsonaro pedir a ele o que pediu a Sergio Moro.

Bolsonaro queria que ex-juiz suspeito fosse babá dos três filhos e montasse uma trincheira de proteção aos garotos na Polícia Federal. 

Em algum momento ele pode pedir a Guedes que faça o que for preciso, mesmo com riscos e ilegalidades, para que inunde algumas áreas com dinheiro grosso.

A única ordem que Bolsonaro dará ao seu posto Ipiranga no ano que vem é esta: arranje dinheiro para gastar, mesmo que não exista e mesmo que depois dê um problemão. 

Guedes vai se transformar no gestor da grana do governo na campanha, porque ninguém vai querer saber de controle de contas, reformas ou privatizações.

A tarefa de Guedes em 2022 será a de funcionar como cofre de Bolsonaro e das facções que estão no entorno de Bolsonaro. Não haverá mais nada a fazer no ano da eleição.

Mas pode não dar certo. Se os chefes militares e o ministro da Defesa foram embora e nada aconteceu, o que pode acontecer quando Guedes pedir pra sair por não aguentar mais ou for mandado embora por resistir às ordens do chefe? Nada.

Guedes deve estar agarrado até agora à sensação de imunidade, da proteção que o poder assegura, mesmo que precária, aos que ficariam fragilizados fora dele. 

Pode ser substituído por um posto genérico qualquer, porque o que Bolsonaro quer não é o que Guedes e o mercado desejam.

Guedes não ganhou nada até agora e não há a menor perspectiva de que possa vir a acrescentar algo ao seu currículo até o final do governo. 

O ministro vai ficando porque deve temer também as reações das milícias e a síndrome do dissidente bolsonarista. 

Todos os que estiveram dentro ou perto do poder e abandonaram Bolsonaro e a família se deram mal quando foram induzidos a pedir pra sair. Todos. Mesmo os que se enganam achando que se deram bem.

2 thoughts on “PAULO GUEDES PODE SER RIFADO E TROCADO POR UM POSTO QUALQUER

  1. Este sujeito está preocupado somente com suas contas em paraísos fiscais e com a alta do dólar. E @s outr@s imprestáveis do ministério só se aproximam dele para saber como abrir contas em paraísos e fugir dos impostos.

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