Platitudes

espinosa

A internet multiplicou o número de cronistas, articulistas, pensadores, desses formadores de opinião que escrevem textos com citações de autores diversos. Usam compulsivamente frases de leituras rápidas para impressionar e impressionam.

Dedicam-se a feitos épicos, à filosofia, à dita natureza humana. Alexandre, o Grande, Freud, Sartre, Aristóteles, tudo é misturado em desordem na panela dos leitores de almanaque.

Eles dizem conhecer a fundo a Dinastia Julio-Claudiana, mas nunca leram nada sobre Júlio de Castilhos.

Praticam com afinco, como diz o Luís Augusto Fischer, o exercício das platitudes, como se estivessem abordando alguma coisa com profundidade.

São enganadores que se puxam, seguidores do Rolando Lero, aquele personagem da Escolinha do professor Raimundo.

Pois eu pensei nisso agora ao ler sobre a controvérsia erguida pela Marilena Chauí a respeito do juiz Moro.

Marilena é especialista na filosofia de Espinosa (na ilustração). Eu li Espinosa nos anos 80 por causa da Marilena. Ah, eu também tenho as minhas platitudes preferidas.

Tem uma frase de Espinosa que gosto de repetir para impressionar alguém.

“Deus é uma coisa extensa”, disse Espinosa. Não é do Google. Eu tenho as obras de Espinosa com textos selecionados por Marilena Chauí.

Quando me angustio muito, quando tento entender essa suspeita de Marilena de que o juiz Moro foi treinado pelo FBI, eu balbucio: Deus é uma coisa extensa.

A frase me conforta. Mas admito que sei muito pouco de Alexandre, o Grande.

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