POUCOS VÃO SOBREVIVER NA EXTREMA DIREITA

Nichos da base eleitoral da classe média de direita, que se misturaram aos pântanos da extrema direita, elegeram muitos fascistas em 2018. Não vão eleger mais.

As trincheiras mais identificadas com o bolsonarismo vão continuar fieis e ferozes, mas sem o reforço dos mesmos agregados de quatro anos atrás. A extrema direita perderá a amplitude eleitoral dessa base expandida.

Numericamente, a extrema direita encaminha-se para ser o que era nas primeiras pesquisas eleitorais de 2018. Bolsonaro e sua turma terão de se contentar com os 20% do núcleo que oscila muito pouco, mas nunca mais será expandido como foi na urgência do pós-golpe do todos-contra-Haddad.

Bolsonaro, numa eleição majoritária, como única opção contra Lula, até pode alargar essa base num eventual segundo turno. Mas nas eleições proporcionais os candidatos de extrema direita irão sofrer muito.

Entre tantas causas, a extrema direita está cometendo uma barbeiragem induzida por Bolsonaro. Qualquer extremista, mesmo o enrustido e o dissidente de Bolsonaro, como Kim Kataguiri, acha que agora pode radicalizar discurso e atitudes. Vale para influencers de mídias digitais.

Qualquer extremista pode ficar bêbado e revelar-se nazista. Mas é arriscado, porque fideliza o que não precisa mais ser tão fidelizado e assusta apoios da classe média do entorno que se moveu, no desespero, em direção a Bolsonaro em 2018.

Essa classe média que usou Bolsonaro como gambiarra, com a morte do tucanismo, até aceita que o sujeito faça arminha com criança no colo, que ataque nordestinos e gays e que negue vacinas às crianças.

A direita de classe média tolera que Bolsonaro seja o chefe de uma facção com os quatro filhos e os amigos milicianos. Mas não vai aceitar facilmente que um fascista no qual votou em 2018 se revele nazista.

Bolsonaro pode fazer a defesa dissimulada de ideias nazistas, pode até fazer pose para foto ao lado de uma deputada da bancada do nazismo na Europa. Mas não poderá fazer pregação que o identifique de forma explícita com os nazistas.

Esse Monark, que diz ter virado nazista porque bebeu demais, apenas se revelou nazista porque estava bêbado. É a sinceridade do bebum. Ele era um nazista à espera de um porre.

Outros nazistas, em outras áreas, não chegaram ao ponto da bebedeira mental. Ainda não, mas podem chegar.

Porque um nazista, se não for da elite e com base ideológica sólida, é na essência um imbecil. Que vira nazista por desinformação, pela tentação do polemismo e por achar que leu e entendeu manuais de liberalismo exacerbado.

O idiota que defende o direito de organização do nazismo acha que decifrou as lições dos liberais anárquicos, na linha do vale tudo em nome das liberdades.

Esse nazista amador está esculhambando com o reduto da extrema direita, que odeia gays e negros, mas se protege na defesa da família, da religião e de um Deus acolhedor de torturadores.

Diante de simpatizantes da liberdade aos nazistas, que saem agora do armário, como Kataguiri, a classe média vai começar a dizer peraí, vai recuar e estabelecer limites.

Daqui eu não passo, dirá o primo do tio do zap, frustrando os que o convidam a dar um passo adiante. A radicalização que empurra extremistas para a imprudência política é acionada pela busca desesperada do militante, da audiência e do eleitor fiel.

O extremista grita para ser visto e depende da militância das redes para sobreviver. Mas o tio do zap deixará de ser um reaça engraçado se passar a reproduzir as falas dos defensores de partidos de nazistas, em nome do amplo direito de organização.

Um sujeito que assume ideias nazistas estará condenado a ser apenas um traste nazista. O nazista não é o racista ou o negacionista que convive com suas famílias graças às concessões dos afetos e dos laços de sangue.

Monark disse, ainda bêbado, não saber direito o que o nazismo fez com a humanidade e até pediu ajuda a líderes judaicos para que lhe ofereçam aulas sobre o que foi o holocausto.

É de se acreditar, pelo tamanho da idiotia, que não saiba mesmo. Mas a sobrinha do tiozão do zap sabe muito bem.

O fascista que, no embalo de Monark, Kataguiri, Adrilles Jorge e outros, assumir-se como nazista pode estar tentando se fortalecer com os devotos que todos querem.

Mas, no sentido coletivo, estará prestando um desserviço aos seus iguais ou assemelhados, porque assustará as outras pombas. Não há tolerância, nem audiência e nem base eleitoral para tantos nazistas.

3 thoughts on “POUCOS VÃO SOBREVIVER NA EXTREMA DIREITA

  1. As perguntas que todos devem se fazer em algum momento são:
    Como um imbecil destes pode ser influencer?
    Como um estúpido de pai e mãe pode influenciar alguém?
    Você busca uma influência positiva ou negativa na sua vida?
    Eu preciso ser influenciado por alguém que na prática sabe muito menos do que eu e de útil só tem mesmo cara de pau e uma postura razoável na frente de câmeras ou microfones?

    Quando as respostas surgirem, tenho certeza que a audiência de grande parte dos “influencers” desaba, perdem patrocínio (Outra, como uma empresa pode patrocinar alguns influencers – será que partilham dos mesmos valores ou nunca viram o que o cara fala nos vídeos?) e acabam voltando para a lama que os originou.

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