PROJETO DE BOLSONARO VAI MUITO ALÉM DE OITO ANOS NO PODER

Bolsonaro anda de moto porque tem certeza de que aqueles passeios transmitem uma mensagem. De alienação geral, de total alheamento dos dramas da pandemia e de negação das suas atribuições.

Um Bolsonaro adolescente se dedica a entreter seu público, porque seus eleitores querem mesmo vê-lo andando de moto, enquanto famílias de miseráveis gastam o que não têm para comprar e arrastar pelas ruas cilindros de oxigênio para salvar os parentes.

Não só em Manaus, muitos dos que arrastam cilindros pelas calçadas são ou foram seus eleitores.

Bolsonaro só pensa em se reeleger, mas não é só nisso que pensa. O sujeito dá sinais de que prepara o ambiente para ficar mais de oito anos no poder. Esse é o seu projeto.

A megalomania de Bolsonaro o conduz a uma armadilha. Ele está certo de que pode governar como um déspota completo, porque por enquanto é um déspota pela metade.

Com 6 mil militares empregados, com a compra do centrão e do comando da Câmara e do Senado, a incapacidade da grande imprensa de derrubá-lo, com o Ministério Público do Rio sob controle, com o Supremo num vai-não-vai, com todo esse cenário, Bolsonaro e os filhos dele, mais os militares, já devem ter feito a aposta.

O genocida vai manter a corda esticada até onde der, para que a radicalização fidelize mais ainda seu público inarredável de 10% a 15%. Com afagos que faz em outros 15% nem tão fiéis, mas que lhe asseguram a aprovação hoje em 31%, segundo o Datafolha, consegue o que lhe dá algum conforto.

É só fazer uma boa gestão desse lastro político, não deixar Hamilton Mourão se soltar, interditar Lula no processo da suspeição de Moro, anunciar mais medidas que agradem a armamentistas e moralistas e, quem sabe, prorrogar um meio auxílio emergencial, para que as coisas não se alterem muito.

E a vacina? É só continuar fazendo e falando uma coisa num dia e outra no diante seguinte e manter políticos, profissionais da saúde, população, Ministério Público e Judiciário em permanente debate sobre a confusão.

Bolsonaro parece que não é mais um homem acuado e passa a impressão de que mantém instituições, adversários e o povo sob controle.

O Supremo não o acossa mais, ministros da Corte antes inquietos hoje estão calmos, Rodrigo Maia pode ficar sem pai, sem mãe e sem irmãos do seu centro fofo, e as ruas têm apenas carreatas ainda sem força.

Assim Bolsonaro vai sonhando com o projeto de longo prazo, que deve compartilhar com os militares. Ele espera ser reeleito e preparar o ambiente para ficar além de quatro anos.

O projeto vale, mesmo sem Trump, se conseguir ou não conseguir a reeleição. Se conseguir, desejará virar o Lula da direita, com programas e a mesma base social do lulismo. Reeleito e com o controle de tudo, logo irá executar o plano para que não dependa mais de eleição.

Se não se reeleger em 2022, tentará o que Trump tentou. Um político racional talvez não tentasse. Mas a racionalidade de Bolsonaro o habilita apenas a coisas básicas.

É provável que o sonho do sujeito esteja sendo compartilhado com os que o sustentam no poder hoje (incluindo os militares) e sabem que a única forma de sobreviver e escapar da Justiça é delirar com um golpe e uma ditadura, não agora, porque o blefe falhou, mas logo ali na frente.

É uma hipótese maluca? Todas as loucuras deixaram de ser improváveis desde a eleição de Bolsonaro.

Só a vacina e seus efeitos no ânimo geral podem alterar os planos da extrema direita, se na sequência levar a classe média de volta às ruas. Por isso não há vacina. O resto é obviedade.

3 thoughts on “PROJETO DE BOLSONARO VAI MUITO ALÉM DE OITO ANOS NO PODER

  1. Notícia do site Matinal confirma que a casta do judiciário não tem compromisso ético nem moral:
    JUÍZES gaúchos negociam doses de vacina ainda não liberada pela Anvisa – Juízes federais do Rio Grande do Sul já estão encomendando a vacina indiana Covaxin por 800 reais as duas doses. A precificação é considerada ilegal, já que não tem ainda o aval da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Além disso, para chegar a essa etapa, é preciso passar pela Anvisa. Todo esse processo costuma levar mais de seis meses. A fabricante espera concluir os estudos até 25 de fevereiro para então entrar com pedido do registro permanente da vacina na agência brasileira, já que não poderia vender ao setor privado uma vacina de uso emergencial. Com unidades em Porto Alegre e Gravataí, a clínica Multivacinas estabeleceu em 800 reais a venda para os juízes federais do RS, mas esse montante pode mudar. A estratégia inicial é negociar com clientes corporativos. O presidente da Associação dos Juízes Federais do Rio Grande do Sul, Rafael Martins Costa Moreira, não vê problemas na aquisição do imunizante para os associados mesmo em meio à escassez de vacinas no SUS porque o lote da fabricante indiana não está sendo negociado pela rede pública. “Não há nenhum tipo de fura-fila”, disse. Já os especialistas que consideram antiético ofertar vacinas particulares nesse momento apontam que o setor privado teria um impacto pequeno no controle da pandemia porque apenas uma elite tem condições de adquiri-las, e provavelmente seriam pessoas fora dos grupos prioritários – ainda que, em tese, as clínicas devessem respeitar os critérios de prioridade definidos pelo Ministério da Saúde.

  2. Quem merece NÃO é o Brasil Quem merece são ALGUNS (ou muitos ESPÉCIMES de brasileiros) e esses não pagam nunca pelos seus atos. Seja porque se beneficiam o suficiente para manter sua casta seja os QUE, mesmo sem CASTA qualquer, nao tem compreensão da sua condição e nem do que os impede de sair DELa.
    Dos demais, espero a revolta! Para além dA RESISTÊNCIA, a atitude.

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