Traições no Jaburu

Por que José Yunes, grande amigo do homem do Jaburu, decidiu abrir a boca e se queixar de que foi usado como mula por Eliseu Padilha? Porque, me disse um entendido em finanças partidárias, alguém ou alguns podem ter sido logrados nessa história.

Yunes disse ao Ministério Público que em 2014 recebeu um pacote, onde estaria o dinheiro destinado pela Odebrecht a Padilha.

O próprio Padilha teria pedido que Yunes recebesse a encomenda (R$ 1 milhão de um total de R$ 4 milhões que a empreiteira destinaria diretamente a Padilha, conforme fora acertado num jantar de Marcelo Odebrecht com o homem do Jaburu e Padilha, no Palácio do Jaburu, em maio daquele ano).

Yunes conta que não abriu o pacote destinado a Padilha, mas acha que ali estava o dinheiro. Isso ele disse ao Ministério Público. Ao Jornal Nacional, ontem, ele reduziu o pacote para envelope. E disse que não teria como alguém colocar R$ 1 milhão no envelope.

O que pode ter acontecido? Yunes pode ter enviado a Padilha apenas uma parte do que recebeu. E disse que aquela era a grana e pronto. Esse meu informante acha que Yunes logrou Padilha. Como Padilha deve ter reclamado muito, Yunes abriu a boca e o delatou.

Tem mais. O delator Cláudio Melo Filho, executivo da Odebrecht, participante do jantar no Jaburu em maio de 2014, diz que Padilha deveria destinar R$ 1 milhão (dos R$ 4 milhões) a Eduardo Cunha. Mas Cunha reclamou aos berros à Odebrecht que nunca viu o dinheiro. Esta informação consta da delação de Melo.

Meu informante interroga-se sobre um dos mistérios: o pacote (ou envelope) seria para Eduardo Cunha? Mas por que o emissário, que leva a encomenda a Yunes, a pedido de Padilha, é Lúcio Funaro, homem de confiança de Cunha?

E por que o pacote teve de chegar antes a Yunes para depois chegar a Padilha? Por que Padilha não queria deixar rastros como recebedor da encomenda?

O que se sabe ao certo é que o homem do Jaburu, como vice-presidente da República, mordeu Marcelo Odebrecht em R$ 10 milhões para o PMDB, naquele jantar, e orientou que Padilha recebesse diretamente R$ 4 milhões.

Mas, mesmo que o envelope de Yunes tivesse R$ 1 milhão, ainda faltam R$ 3 milhões.

A minha fonte entendida em finanças de partidos me assegura: Yunes abriu a boca, correndo o risco de envolver o grande amigo do Jaburu nesta suruba, porque o rolo havia se tornado insuportável. A história do pacote e da mula é, com certeza, uma história de traições.

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