QUEM AINDA VAI CARREGAR O FARDO?

A imagem de Bolsonaro correndo na pista de atletismo de Cascavel poderia ser, mas talvez ainda não se seja, o limite para muita gente em dúvida sobre o que fazer daqui pra frente.

Quem vai chegar para a mulher, os filhos e a sogra e dizer que continua com Bolsonaro? Quem, vendo aquela imagem grotesca (que aparece mais abaixo nesse texto), acha que Bolsonaro ainda merece alguma chance?

Não é um Collor correndo com suas camisetas com mensagens edificantes. Nem um Lula na água com seu calção de surfista. Não é nem um Geisel flagrado de sunga na praia.

Não seria nunca um Forrest Gump. É um alucinado correndo de calça com um colete à prova de balas, porque tem histórico de atleta. Quem vai encarar esse sujeito transtornado que ainda conta com o apoio de três de cada 10 brasileiros?

Bolsonaro parece sem qualquer controle. Mas enganam-se os que enxergam os militares assustados com o agravamento da agressividade e dos desatinos do homem. Os que se assustavam ou se constrangiam já foram embora do governo.

Observadores do poder dizem o seguinte: ao contrário do que muita gente pensa sobre o relacionamento de Bolsonaro com os generais, não existe evidências de um consenso de desconforto ou desconfiança.

Alguns generais, os mais próximos e hegemônicos, veem Bolsonaro com um certo encantamento. Porque estudaram, esforçaram-se, competiram entre si, dedicaram-se a uma carreira difícil e chegaram ao topo, com muitas estrelas nos ombros e medalhas no peito.

Fizeram uma travessia complicada para chegar ao Everest da carreira militar. Mas não têm o que Bolsonaro e toda a família têm. Bolsonaro tem votos. Milhões de votos. Isso deve encantar os militares.

Seus antecessores impuseram um governo de força ao país, durante mais de 20 anos, porque não tinham eleitores. Podem até, em algum momento, ter contado talvez com o apoio da maioria da população.

Mas votos eles não tinham. Os militares precisavam encontrar alguém que, além de manter o país sob controle e ameaça, fosse eleito.

Os generais fiéis a Bolsonaro têm admiração por essa virtude do sujeito que descobriu como destruir tudo o que os cientistas políticos diziam da extrema direita no Brasil. Que nunca chegaria ao poder pelo voto, que o país não iria aceitar extremos e que Bolsonaro seria sempre um político à margem das possiblidades de poder.

Bolsonaro mais conspirou do que estudou no Exército, ficou pouco mais de uma década nos quartéis e não é considerado militar pela elite das Forças Armadas. Bolsonaro apenas serviu ao Exército como tenente. Está escrito em inquéritos que foi um péssimo soldado.

Foi escorraçado do meio militar. Se pudesse continuar, por ser medíocre, nunca seria um coronel. Mas conseguiu se eleger por sustentar a imagem de que é um militar.

A direita não queria, mas teve de apostar em Bolsonaro, sem outra alternativa confiável. Bolsonaro estava de tocaia para virar presidente numa democracia, vencendo uma eleição esdrúxula, mas não pela imposição de gente de farda.

Os generais que o sustentam no governo o admiram por essa força que eles nunca pensaram que poderiam ter. Eles são empregados e dão suporte a um governo militarizado, mas eleito.

Uma das fotos da corrida de Bolsonaro ontem, para comprovar seu histórico de atleta, mostra logo atrás dele o general Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria de Governo.

O general tenta acompanhar o trote de Bolsonaro e há no seu rosto uma expressão de alegria e de cumplicidade. Os dois estão felizes correndo.

Mas alguns ainda perguntam: e a dúzia de generais que Bolsonaro já mandou embora do governo? Esses vacilaram e muitos foram despedidos até pelo Carluxo. Os que ficaram são os que importam.

Bolsonaro já simulou que fazia exercícios de apoio no chão em que só mexia com a bunda, nadou no raso, fez um gol deitado porque deixaram que fizesse e fingiu correr como um velocista.

Tudo na vida do sujeito, até as exibições ditas esportivas, são farsas. Mas talvez seja por isso mesmo que ele vá em frente.

3 thoughts on “QUEM AINDA VAI CARREGAR O FARDO?

  1. E o DEM se assanhando com a vaga de vice dele.

    Vai ficar interessante esse jogo de 2022.

    Daqui a pouco vão estar implorando pela vaga de vice do Lula.

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