SEGUE O EXPURGO DOS AMOTINADOS NA POLÍCIA FARDADA BOLIVIANA

Escrevi ontem sobre o fim do general boliviano Yuri Calderón, que a Justiça Militar expulsou da Polícia Nacional por crimes cometidos quando do golpe contra Evo Morales em novembro de 2019.

Calderón era o chefe da Polícia, que na Bolívia é uma PM fardada, mas nacional, com atuação como polícia ostensiva (como agem no Brasil as PMs estaduais), mas também como polícia judiciária, atribuição que é aqui da polícia civil.

O jornal Página Siete, de La Paz, informa hoje que Calderón foi expulso da instituição na sexta-feira e que logo depois a Justiça (o Tribunal Disciplinar da Polícia) expulsou também o tenente coronel Nelson Flores Claros.

Os dois estão presos. Flores Claros era o chefe em Cochabamba da Unidade Tática de Operações Policiais, a temida UTOP, um agrupamento de elite encarregado de operações especiais e repressões nas ruas, que marca suas ações sempre com violência.

Flores Claros é um dos 20 policiais denunciados por serem líderes do motim contra o presidente Evo Morales e, entre outros crimes, por arrancarem dos seus uniformes e queimarem a bandeira Whipala, o belo símbolo do arco-íris dos povos originários.

A direita boliviana associa a bandeira indígena ao Movimento ao Socialismo, liderado por Morales. As forças militares têm uma maioria de descendentes desses povos, mas muitos renegam suas origens para se aliar à elite civil branca que puxou o golpe.

A UTOP está envolvida nas repressões que resultaram na morte de 36 pessoas nas ruas da Bolívia, depois do golpe de 10 de novembro.

Chefes da UTOP se negaram a agir contra a turba que derrubou Morales. Mas depois cumpriram ordens do ‘governo’ golpista de Jeanine Añez e saíram às ruas para espancar e matar os que reagiram em defesa de Morales.

Guadalupe Cárdenas, mulher de um dos oficiais presos pelo motim e líder do movimento de mulheres de policiais militares, reclama na Bolívia o que pode acontecer no Brasil: os maridos delas foram abandonados.

Guadalupe fez este desabafo nas redes sociais: “Povo boliviano, a família policial está muito triste por teu silêncio”.

Setores da esquerda responderam à mulher do coronel preso que ela não deve se queixar do povo, mas dos líderes de extrema direita que abandonaram os militares encarcerados.

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