SEGUNDO TURNO VAI DESAFIAR UM BOLSONARO ACOVARDADO

O Bolsonaro pós-cartinha a Alexandre de Moraes e pós-camarão ainda preserva o quê daquele Bolsonaro valentão do discurso de 21 de outubro de 2018?

O que sobrou do Bolsonaro que deu vários avisos aos inimigos, transmitindo uma fala ao vivo pelo celular para seus eleitores que estavam na Avenida Paulista?

Naquele domingo anterior ao da eleição de 28 de outubro, Bolsonaro entusiasmou-se com a perspectiva de vitória e disse essas frases ameaçadoras:

“Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria. Petralhada, vai tudo vocês pra ponta da praia. Vocês não terão mais vez em nossa pátria porque eu vou cortar todas as mordomias de vocês”.

É provável que esse Bolsonaro ainda exista, mas sem condições de funcionamento, como se fosse uma TV a válvula. Bolsonaro está aí, ainda liga e desliga, guarda a essência do que já foi, mas não tem mais a mesma utilidade, ou será que tem?

Aquele discurso de bandido, em que prometeu matar os inimigos ou tratá-los como terroristas, poderá se repetir a uma semana do segundo turno este ano, se o sujeito for para o segundo turno?

O Bolsonaro do primeiro turno promete ser o da arrancada da campanha de 2018, tumultuada pela história da facada em Juiz de Fora. Mantém a agressividade para que o eleitorado fique em alerta e assegure a fidelidade que lhe dê a vaga no segundo turno contra Lula.

Mas o Bolsonaro já no segundo turno continuará dizendo as besteiras que diz agora para preservar seus precários 20% de apoio, numa base que esse esfarela a cada pesquisa?

A guerra à vacina talvez nem tenha mais sentido em outubro como pauta do bolsonarismo. Mas Bolsonaro pode se dedicar a temas permanentes, como os ataques aos petralhas, ao MST, aos comunistas e a todos os que se vestem de vermelho.

Alguém imagina, mesmo na extrema direita, que ele será capaz, no domingo que antecederá a eleição de 30 de outubro, de avisar que os inimigos serão enviados para a ponta da praia e metralhados, como a ditadura fazia com os militantes de esquerda?

Se for para o segundo turno, se não desistir antes e buscar proteção num mandato de deputado que lhe assegura imunidade e impunidade, Bolsonaro será um covarde. Não haverá, no segundo turno deste ano, o Bolsonaro de 2018.

Teremos este ano o Bolsonaro pós-cartinha a Alexandre de Moraes e pós-camarão. Bolsonaro será desafiado pelas circunstâncias a ameaçar de novo com a eliminação dos inimigos.

Mas até lá saberá que não terá como vencer e nem aplicar golpe algum. Que não dispõe de milicianos suficientes para esculhambar com a eleição e que seu destino será o que ele desejou para Lula no discurso de 21 de outubro de 2018.

Bolsonaro talvez não apodreça na prisão, porque ninguém da direita ou da extrema direita pega cadeia por muitos dias no Brasil. Mas ficará um tempo sem comer camarão sem mastigar.

Não há como o Judiciário poupar Bolsonaro e os filhos dele, quando a família toda estiver fragilizada por uma derrota avassaladora.

Livrar Bolsonaro da cadeia seria antecipar a impunidade de tudo o que vier depois. Bolsonaro deve ser desafiado desde já a prometer que irá juntar sua gente na Paulista, às vésperas do segundo turno, para repetir o que disse em 2018.

Esta foi uma das suas frases naquele domingo, que ele pode dizer de novo este ano:

“Vagabundo vai ter que trabalhar”.

Sem poder, sem o centrão, sem os militares, que não ficarão ao lado de um perdedor, e sem o apoio dos banqueiros amigos de Paulo Guedes, Bolsonaro terá de buscar uma ocupação, coisa que nunca fez na vida.

Mas, se for preso, terá o consolo de que poderá continuar como vagabundo.

One thought on “SEGUNDO TURNO VAI DESAFIAR UM BOLSONARO ACOVARDADO

  1. Em cima da hora, ele pulará do barco da reeleição. No início, engrossava o discurso, mas, na hora h, afinava e tentava se esconder atrás ou de um uniforme camuflado ou de uma carta. Agora está tentando a atrair a proteção da pf. Covardia em pessoa.

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