SERGIO MORO É EGOÍSTA
O depoimento de ontem de Sergio Moro é histórico para a imprensa por vários motivos. Ninguém conseguiu vazar nada do que ele disse, o que nunca aconteceu desde o início da transformação da política em casos policiais no Brasil.
Ninguém conseguiu uma foto da chegada ou da saída do ex-juiz, que teve o direito de entrar pela porta dos fundos, o que é uma concessão especial a quem exige grande proteção. Ninguém tem uma frase, nada do que ele possa ter dito.
Pela cultura consagrada pela Lava-Jato de Sergio Moro, tudo o que era dito em depoimentos com delações vazava logo para os jornalistas amigos. Por iniciativa dos procuradores, segundo Gilmar Mendes, ou pelos advogados dos investigados.
Sabe-se que Moro teria apresentado um dossiê com todas as conversas que teve com Bolsonaro. Não há como não ter apresentado nada de relevante em oito horas de depoimento.
A partir de hoje, os jornalistas mais chegados à Lava-Jato, que vazaram tantas informações contra Lula, podem esperar alguma comidinha.
Só o que se sabe do que aconteceu ontem é que Moro teria empurrado para o lado uma fatia de pizza servida por um delegado. Mas, como não dá para fazer piada manjada de pizza, a informação não se presta para nada.
Aguardemos. Merval Pereira, Miriam Leitão, Diogo Mainardi ou Andréia Sadi? Quem será o primeiro a dar furo sobre o dossiê do ex-juiz?
Moro não pode ser tão egoísta a ponto de negar pelo menos uma degustação. Somente líderes do crime organizado dão depoimentos de mais de oito horas. A Sicília não teve ter depoimento com tanto tempo há décadas.
A única informação sobre Moro agora pela manhã é a frase que ele publicou no Twitter:
“Há lealdades maiores do que as pessoas”.
Dizem que é dirigida a Bolsonaro. Fui ao Google ver quem seria o autor, mas não encontrei.
Encontrei outras frases semelhantes, mas essa não achei. Moro deve ter lido a frase em alguma biografia.
Na Folha está escrito “pessoais”, não “pessoas”. No twitter também.
O que ele quer dizer, fazendo sua propaganda! é que a lealdade dele à Nação é mais importante que a LEALDade “pessoal” à Bolsonaro.