Este texto foi publicado orginalmente na revista Parêntese. SEBÁSTIAN A direção da empresa, com maioria de homens e quase todos da geração analógica, decidiu que os funcionários deveriam retornar ao trabalho presencial. Todos, sem exceção. Era uma onda mundial, inclusive nas big techs, e havia chegado a Cachoeirinha. Aquele futuro de trabalho remoto, que os

A ESTRANHA ENTREVISTA COM NÉLIDA PIÑON

Fiz com Nélida Piñon, em 1978, uma das mais estranhas entrevistas do meu meio século de jornalismo. A Fidene, que depois se transformaria na Unijuí, realizava anualmente a Semana da Cultura. O professor e escritor Deonísio da Silva coordenava um evento grandioso. Apareciam em Ijuí os grandes nomes da literatura dos anos 70. E um

AS AVENTURAS DE UM GURI PORRA-LOUCA

Este livro é divertido, melancólico, é muitas vezes triste, mas é na essência a alma de uma gurizada maluca do final dos anos 60 e início dos 70. Conta as memórias de Claudio Antonio Weine Gutierrez, um militante de esquerda que se autodefine como “um guerrilheiro absolutamente desastrado”. A Guerrilha Brancaleone é o balanço das

AINDA SOBRE MACHADO

Um texto domingueiro sobre a controvérsia em torno da leitura de clássicos por adolescentes, provocada por Felipe Neto. Escrevi ontem sobre o assunto (está nas postagens anteriores) e hoje publico um texto com posição inversa, que compartilho do original no Facebook, porque assim funciona o bom debate, que ajuda a ressuscitar a obra do Machadão.

MACHADO, FELIPE E TENÓRIO

O Brasil dos influenciadores e youtubers ressuscita, como se fossem novos, velhos debates do século 20, quando muita gente era criança lá em Barbacena. É o caso da provocação de Felipe Netto de que “forçar adolescentes a lerem romantismo e realismo brasileiro é um desserviço das escolas para a literatura”. É dureza ler os decretos

GALEANO E A DITADURA UNIVERSAL DO MEDO

Em 2008, Eduardo Galeano concedeu essa entrevista por e-mail, publicada no Caderno de Cultura de Zero Hora. Conversamos antes da vinda dele a Porto Alegre para lançar seu novo livro, Espelhos. Esta semana, na quinta-feira, dia 3, o escritor completaria 80 anos. Galeano veio e lotou o auditório da Assembleia Legislativa de jovens, numa noite

A PESTE LEVOU SÉRGIO SANT’ANNA

Todos os dias o coronavírus mata um pedreiro, um professor, um padeiro, um médico, uma enfermeira, um motorista, um negro sem CPF. Mata centenas. E agora também mata um artista, um escritor ou um jornalista todos os dias. Escolhe e mata. Hoje matou Sérgio Sant’Anna. Na juventude impune, escrevi contos e até um romance tentando

A BENEVOLÊNCIA COM OS MORTOS

Dos mortos, que só se fale de bem. Ou no original em latim: “De mortuis nihil nisi bonum”. A frase, sempre repetida nas tentativas de proteger algum morto exposto a controvérsias, seria de Quilão de Esparta, um dos sete sábios da Grécia. Pois morreu Rubem Fonseca, um dos maiores escritores brasileiros, mas também um dos

O SARAU, BOB DYLAN E EU

O Sarau Elétrico é um bravo sobrevivente numa Porto Alegre alquebrada, que ficou feia e reacionária. Que parece ter apenas a tal orla como atração e como negócio, com um prefeito que só pensa em urbanização nas áreas ricas e que abandonou vilas, ruas, escolas e praças. Mas o Sarau resiste junto com o Ocidente