Temos mais um celular misterioso

O ex-perito do TSE Eduardo Tagliaferro (na foto com Alexandre de Moraes) disse nessa quinta-feira à Polícia Federal que entregou seu celular desbloqueado, em maio do ano passado, à polícia civil de Tarcísio de Freitas. Tagliaferro havia sido preso por agredir a mulher dele.

Com essa versão, o sujeito chutou a bola para o lado da polícia e da Folha, que vem publicando os conteúdos vazados do celular contra Moraes. A polícia era, claro, responsável pelo aparelho.

É possível concluir, a partir dessa informação, que a Gangue do Santo Rito, formada por Gleen Greenwald e Fabio Serapião, esteja envolvida numa negociação com a polícia e a extrema direita para a divulgação do material contra o ministro?

Jornalistas podem fazer conchavos com o fascismo para atingir um ministro do Supremo e salvar golpistas sob investigação, com o argumento de que Moraes não respeitava ritos? Em nome de que tipo de jornalismo podem ter feito esse conchavo?

E tem mais essa: o delegado que ouviu o perito apreendeu um celular que estava com ele. Mas o homem disse ao policial que aquele não era o mesmo aparelho entregue à polícia em maio do ano passado. Que aquele celular, que ficou seis dias em poder de policiais, foi depois inutilizado e jogado fora.

O celular devassado estava sob guarda da Delegacia Seccional da Polícia Civil de Franco da Rocha, na Grande São Paulo. Quem acredita nessa história da inutilização do celular? Por que inutilizar? A alegação não será caracterizada como ocultação de prova?

O caso do celular de Tagliaferro se junta, como controvérsia, aos dois aparelhos do autoproclamado véio da Havan, apreendidos em agosto de 2022. Mas os celulares do empresário nunca foram abertos, por falta de senha.

Por que a PF não consegue entrar nos celulares do sujeito, se faz devassa até nos celulares de Bolsonaro e de Alexandre Ramagem? É possível que os conteúdos dos celulares tenham sido eliminados?
Sempre lembrando que os dois aparelhos do véio foram apreendidos, em investigação determinada por Alexandre de Moares, durante o governo de Bolsonaro e às vésperas da eleição e das tentativas de golpe.

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O ESCÂNDALO
Se ficar provado que os jornalistas da Folha receberam os arquivos contra Moraes das mãos da polícia de Tarcísio de Freitas, a partir da devassa no celular do ex-perito do TSE Eduardo Tagliaferro, é claro que um escândalo estará configurado.

Mas se o próprio Tagliaferro for descoberto como autor do vazamento, o que irá acontecer? Teremos um caso administrativo e criminal por vazamento de material sigiloso do TSE.

Mas e a questão ética do jornalismo? Será uma boa e interminável discussão. Vão dizer que não importa quem vaza o quê, mas que o jornalismo pode sim dispor de informações de interesse público.

É o argumento de sempre. Que a população julgue o que for divulgado, não importando se foi resultado de um conluio com o fascismo e se isso acaba prejudicando uma instituição, o Supremo, e um ministro, Alexandre de Moraes.

Mas é assim mesmo? Jornalistas podem, mesmo que a fonte deva ser protegida (o que é outra história) fazer acordos com facções interessadas em desmontar o inquérito das fake news e incentivar o impeachment de Moraes?

Pode? Se pode, está tudo liberado. Se jornalistas podem fazer acordos com a extrema direita para proteger golpistas, nada mais será impedido sob o ponto de vista da ética e da preservação das instituições que defendem a democracia e o interesse coletivo.

Quem vazou as informações para a Gangue do Santo Rito? O inquérito aberto por determinação de Moares irá descobrir? O fascismo comanda também o jornalismo da Folha?

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