TERMINOU A TRÉGUA COM O BOLSONARO BOLIVIANO

Os principais líderes civis do golpe de novembro de 2019 contra Evo Morales escaparam das condenações da semana passada, mas talvez não continuem escapando por muito tempo.

O Movimento ao Socialismo (MAS), liderado por Evo, decidiu em encontro dos seus dirigentes, no fim de semana, encaminhar denúncias contra pelo menos 10 políticos que até agora estão impunes.

Os civis ligados historicamente à direita e à extrema direita ainda não foram alcançados pela lei, porque o Ministério Público e a Justiça teriam preferido pegar primeiro os militares e não mexer com eles.

Na semana passada, a Justiça condenou os líderes fardados do golpe e a ex-senadora Jeanine Añez, que tomou o lugar de Evo. Jeanine pegou 10 anos de cadeia. Mas até agora o Judiciário não incomodou figuras civis poderosas.

O MAS vai exigir que também eles sejam punidos. O primeiro da lista do Movimento, para que seja investigado, é Luis Camacho, empresário e fazendeiro, principal líder civil do golpe, que escapou das sindicâncias do Ministério Público e depois foi protegido pela imunidade política, por ter sido eleito governador de Santa Cruz de la Sierra.

Camacho é o Bolsonaro boliviano e lidera com fúria a extrema direita a partir da região do latifúndio, como principal figura do Comitê Cívico de Santa Cruz, uma organização política e empresarial que congrega a elite branca e racista da região.

Outro que as esquerdas querem processar é o ex-presidente Carlos Mesa, derrotado por Luis Arce, do MAS, na eleição de outubro de 2020. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o uruguaio Luis Almagro, também está na lista.

Almagro é apontado como responsável pela crise que levou ao golpe, ao levantar suspeitas sobre as eleições de 2019 que reelegeram Evo.

Todas as possíveis irregularidades, apresentadas em relatório da OEA, foram desmentidas por várias auditorias independentes. Almagro é considerado parceiro da extrema direita boliviana.

Os outros listados como golpistas e que o MAS pretende processar são: Fernando López (ministro da Defesa de Jeanine, que estaria foragido no Brasil), Tuto Quiroga (ex-presidente), Samuel Doria Medina (político e empresário, o rei do cimento na Bolívia) e mais Luis Larrea, Eduardo León, Waldo Albarracín e Luis Revilla.

O pedido de abertura de investigação contra todos eles será encaminhado ao procurador-geral da República, Juan Lanchipa, e aos ministros do Gabinete de Governo, Eduardo del Castillo, e da Justiça, Iván Lima.

O interessante da resolução dos dirigentes do MAS é que parece ter terminado a trégua das esquerdas – que retornaram ao poder depois do golpe – com o líder golpista Luis Camacho, que estaria, segundo o MAS, articulando de forma permanente um novo golpe contra o governo.

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