TUCANO GAÚCHO FOI USADO POR BOLSONARO NA TENTATIVA DE SABOTAR A VACINAÇÃO LIDERADA POR DORIA

Eduardo Leite fica muito mal na história contada agora à tarde por Lauro Jardim, no Globo, sobre as brigas de Bolsonaro com Doria em torno do início da vacinação em São Paulo.

O tucano sempre diz que se distanciou do bolsonarismo, por ele apoiado em 2018. Mas a história contada mostra que agiu como mandalete do general Luiz Eduardo Ramos, em janeiro.

Leite confirma que recebeu a missão do general de impedir que João Doria deflagrasse a vacinação em São Paulo. Leiam a história de Lauro Jardim, que mostra Leite como mensageiro desastrado dos interesses de Bolsonaro:

“O que Doria disse a Eduardo Leite quando o governador gaúcho lhe repassou um pedido de Ramos para adiar o início da vacinação.

Eduardo Leite admitiu numa entrevista assinada por Igor Gielow e publicada agora há pouco, que ligou para João Doria com o objetivo de adiar o início da vacinação contra a Covid.

O telefonema foi dado num fim de tarde de 15 de janeiro, dois dias antes antes de ser aplicada a primeira vacina contra o coronavírus no Brasil.

Leite disse fez o pedido depois de uma solicitação do general Luiz Eduardo Ramos, em nome de um esforço de coordenação nacional do processo.

Ramos era o então secretário de Governo e hoje é o secretário-geral da Presidência.

E o que Doria tem a dizer sobre aquela conversa entre os dois?

Doria afirma que, na ocasião, disse o seguinte a Leite:

— Lamento, Eduardo, que você tenha se prestado a atender um pedido dessa natureza do general Ramos. Diga a ele que vamos iniciar a vacinação, tão logo a Anvisa autorize a utilização da Coronavac. E que eu estou ao lado da vida e dos brasileiros.

No dia 17, um domingo, a Anvisa deu o o.k. para “a vacina chinesa do Doria” e, no mesmo dia, o processo de imunização foi deslanchado.

(Atualização, às 16h51. Eduardo Leite entrou em contato e disse que “em nenhum momento está dito que eu pedi adiamento. O ministro Ramos me ligou. Eu liguei para o meu colega de partido e colega governador e relatei o telefonema que recebi. Dei, inclusive, razão a ele para iniciar a vacinação”.)

(Atualização às 17h28. A assessoria de Eduardo Leite enviou a seguinte nota: “A conversa entre os dois deu-se num contexto que deve ser colocado em janeiro de 2021. O eixo da conversa era coordenação nacional de vacinação. Naquele dia, o general Ramos ligou para Eduardo e pediu que convencesse Doria a aderir ao projeto de coordenação nacional da vacina. Naquele momento, havia uma inflexão do governo federal quanto a aceitar a vacinação ampla.

Leite ligou para Doria para debater como os dois conduziriam esta questão. Privilegiariam a coordenação nacional num momento em que o governo federal assumira o compromisso de vacinar, ou trabalhariam sem ela? Doria rechaçou a coordenação nacional e disse que iria conquistar, a qualquer custo, a aplicação da primeira vacina. Leite questionou se isso seria seguro para a população – valia a pena sacrificar a ideia da coordenação nacional?

Doria respondeu: “Eu vou aplicar a primeira vacina, custe o que custar.” Leite, então, desistiu de continuar a conversa”.

Esta é a conclusão da história contada acima por Lauro Jardim. Leite fracassou na missão que recebeu de um general de Bolsonaro, para que o começo da vacinação liderada por João Doria fosse adiado.

Bolsonaro queria ganhar tempo e capitalizar para o governo uma conquista que era de Doria. A vacinação, como iniciativa estadual, deveria ser sabotada. Não deu certo.

Essa história, admitida pelo próprio Eduardo Leite, como está no texto de Lauro Jardim, é destruidora.

O tucano acaba confessando que trabalhava para o governo de Bolsonaro e que tentou atrapalhar o plano de vacinação de um companheiro de partido.

Foi o plano que assegurou o começo da vacinação. Sem a imposição de Doria e sem a CoronaVac, quando o Brasi teria uma vacina?

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