A manchete da Folha à la Pablo Marçal

Esta manchete da Folha é uma das maiores fake news do jornalismo da grande imprensa este ano, se não for a maior:

“Lira tem aval de Bolsonaro e ala do PT ao incluir projeto da anistia em acordo por sucessão na Câmara”

Não é apenas uma manchete mal formulada. É deliberadamente mal intencionada. Porque sugere que o PT esteja de acordo com a ideia da anistia aos manés do 8 de janeiro, que depois poderia beneficiar Bolsonaro.

Não é nada disso. O acordo, como a própria matéria conta, foi para retirada do projeto da anistia da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, em troca do apoio do PT ao seu candidato de Arthur Lira à presidência da casa, Hugo Motta.

Arthur Lira criou uma comissão especial para tratar do assunto. Assim, se submeteu a uma pressão do PT para que o debate comece do zero e talvez morra com o passar do tempo.

Não tem acordo nenhum por anistia. Tem uma manobra que beneficia o próprio Lira, porque, a partir da aprovação do projeto na atual comissão, dominada por bolsonaristas, ele ficaria na saia justa de dar encaminhamento ao assunto em plenário.

Com a tal comissão especial, Lira dá um drible nos bolsonaristas e se livra do problema por algum tempo, até a definição da sucessão na Câmara. A partir do ano que vem, a batata estará no colo do novo presidente.

Foi o que aconteceu. Não tem apoio nenhum à anistia. Tem uma manobra para melar a anistia. A Folha foi calhorda e mentirosa. É uma manchete à la Pablo Marçal e Tarcísio de Freitas.

Mas fez o estrago que planejou, com a reprodução da manchete fake news nas redes sociais da extrema direita. A Folha confundiu até leitores de esquerda que só leem manchetes e parte da imprensa alternativa ou progressista, que reproduziu a manchete.

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