Doria é um homem de dinheiro
Confissão de Doria Júnior em entrevista que ouvi ontem no rádio (numa pausa da visita dele ao Rio Grande do Sul para conhecer o fantástico sistema de parcelamento de salários da prefeitura tucana): “Eu não preciso de dinheiro, eu não preciso roubar”.
E falou então que era um homem de muito sucesso, rico e feliz com o dinheiro que tem. Mas que decidiu deixar o dinheiro de lado um pouco para ajudar o Brasil.
A direita nunca precisa de dinheiro. Maluf também não precisava. Nem Collor. Nem Aécio. Nem Serra (ninguém mais fala nos R$ 23 milhões na Suíça). Nem Geddel. Nem Cunha. Nem Jucá. Nem o jaburu-da-mala e os endinheirados do Quadrilhão.
Ouvi as frases, parei no sinal e comecei a rir sem parar. Uma moça me olhou com espanto, eu abri a janela do carro e gritei: “Eu também não preciso de dinheiro”.
A moça arregalou os olhos, fez um sinal com as mãos, como se dissesse ‘tu tá louco’ e arrancou.
Daqui a pouco teremos os adesivos nos vidros dos carros com a cara e a frase de Doria Junior, o nosso Trump para enganar bobo: “Este não precisa roubar”. Vai ser um sucesso.
(Doria Júnior, mesmo que não precise roubar, foi processado por grilar uma área pública em Campos do Jordão e anexar ao terreno da sua mansão. Esperneou, mas teve que devolver o terreno.)
É uma das falácias mais consagradas e ainda repetidas. Impressionante. Ninguém precisa de dinheiro, mas os principais gatunos do Brasil hoje são riquíssimos. E sempre, sempre (regra que praticamente não tem exceções), sempre querem mais. Metade dos mafiosos do Congresso são gangsteres riquíssimos, daí então deveriam ser franciscanos no poder, mas são rapinas no poder.