E agora?

T’Challa é o Pantera Negra por um conjunto de virtudes. Uma delas é a capacidade de transformar agressão em energia cinética. Quanto mais disparam tiros e bombas contra o Pantera, mais energia ele acumula, chegando ao ponto de quase voar e afastar tudo ao redor com estouros de deslocamento de ar.

São os agressores que põem o Pantera em movimento. É também assim que o mundo avança. Cinema e literatura tratam disso. Qualquer povo atordoado pensa no que pode fazer como resposta a uma sequência de agressões, como essas que o Brasil vem sofrendo. Como transformar violência em energia e reação?

O golpe, a ascensão de uma quadrilha ao poder, a destruição de direitos sociais, a degradação da educação e da saúde, a eliminação de empregos, a farsa do juro baixo, a impunidade de tucanos, o deboche dos bolsonaristas. E as mortes em massa de negros e pobres.

Agora, eliminaram no Rio uma heroína negra. E o Brasil se mobilizou para chorar por Marielle Franco, para protestar, para assistir até a Globo gritar o nome de Marielle, para ouvir os grandes cínicos do golpe lamentando o assassinato de Marielle.

Mas e daí? Amanhã seremos acordados pela pergunta recorrente. O que podemos fazer mais adiante? Como a morte de Marielle pode nos inspirar a reagir? Nós conseguimos reagir?

Que força poderemos tirar de tantas agressões, desde muito antes do golpe de agosto de 2016? Ou não somos mais capazes de juntar energia nenhuma, diante da destruição moral, política e econômica do país. Diante da destruição social de projetos e sonhos de afirmação da favela, como os sonhados por Marielle?

Que força nos imobiliza, se outros povos são capazes de reagir para muito além das manifestações de indignação? Para que servem as repetidas manifestações de indignação?

Pantera Negra é um filme sobre heróis e heroínas negras. Elas, muito mais do que ele, são a grande atração do filme. Elas determinam o roteiro do que vai acontecer.

Marielle foi assassinada no ano em que o cinema teve seu primeiro super-herói negro (e não vou aqui discutir as controvérsias políticas da obra, que vale pela essência de ser um filme sobre negros e negras).

O Pantera sob ameaça era alertado pelas mulheres: a agressão o fortalece. O que irá nos fortalecer, a ponto de reverter nossa subserviência aos golpistas, e para que a memória de Marielle seja respeitada e preservada? Ou nossa energia mobiliza apenas indignação?

One thought on “E agora?

  1. Coitada uma mulata tão bonita, tipo sargentelli! Pena que a mente estivesse tão afetada pelo esquerdismo defendendo os mesmos bandidos que a mataram.
    R.I.P

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