Não é desarticulação, é chantagem explícita e incontrolável

Seria apenas ingênua, se fosse mesmo desinformação, mas é deliberadamente grotesca a abordagem média dos jornalistas de direita, que enxergam a postura chantagista do Congresso contra Lula como resultado da falta de articulação do governo.

Conversa, articulação, concessões, incluindo a cedência de cargos, é da natureza da política, e Lula sabe como lidar com essas trocas.

Mas o que acontece desde que Lula assumiu é sabotagem. Jornalistas que tentam apresentar essa chantagem como normal estão naturalizando as atitudes de gangues da direita e da extrema direita.

O que chamam de desarticulação é resultado da ação desmedida dos sabotadores, como nunca o Congresso viu antes.

A síntese do que acontece está em muitas análises de quem não embarca nessa conversa.

O centrão e o bolsonarismo tentam fazer com que Lula tenha um operador da liberação de verbas de emendas dentro do Planalto.

Um despachante que mantenha os buchos do fascismo sempre cheios, para que o Congresso não incomode Lula.

Não bastam ministérios, cargos em escalões diversos e a liberação eventual de verbas para emendas. Tem que ser algo sistemático, da engrenagem do governo.

Todas as votações terão um preço, como ocorreu essa semana. E não há articulação que resolva esse ataque, porque o centrão não quer conversa nem fazer concessões pontuais, quer dinheiro.

Parte do jornalismo de esquerda reafirmou essa abordagem das tias da direita e até faz análises pretensamente profundas sobre a falta de articuladores confiáveis com o Congresso.

O mais hábil articulador, se estiver fora do governo e da base ativa em Brasília, pode ser chamado, onde estiver, que não mudará nada. Até porque a imprensa joga junto com os sabotadores.

Há como sair da armadilha criada pelo fascismo que contagiou a direita? A fragilização de Arthur Lira, com o flagrante nos cofres dos amigos das gangues de Alagoas, pode ajudar?

Talvez dê um susto, mas não ajuda muito. A única esperança está no que Lula sabe fazer como ninguém. Acionar o imponderável e inverter o jogo.

Não para que consiga deixar de pagar, o que parece impossível, mas para que pague menos.

3 thoughts on “Não é desarticulação, é chantagem explícita e incontrolável

  1. a CHANTAGEM SEMPRE FOI A REGRA, DESDE O INÍCIO DA CHAMADA “NOVA REPÚBLICA”. qUEM NÃO sE LEMBRA DO “É DANDO QUE SE RECEBE”, do Robertão?
    a ARTICULAÇÃO POLÍTICA DO GOVERNO SEMPRE TEVE QUE LEVAR ISSO EM CONTA. aRTICULAR É NEGOCIAR COM UM BANDO DE CHANTAGISTAS. Se não souber fazer, fica com a bunda exposta na janela (vide caso “mensalão”).
    o PROBLEMA É QUE DESDE eDUARDO cUNHA OS DEPUTADOS DESCOBRIRAM QUE POSSUEM UM PODER DE CHANTAGEM MUITO MAIOR, POIS PODEM DERRUBAR UM GOVERNO. Usaram dessa prerrogativa pra ampliar ainda mais os seus poderes com o Bozo, que pra não ser derrubado cedeu tudo e mais um pouco com o orçamento secreto. Agora a porteira está arrombada.
    O desafio de articulação É real. Não como a grande mídia pontua, mas existe. E os atuais articuladores do governo estão tendo claramente dificuldades em lidar com a nova geração de vermes com mandato legislativo. Não por incompetência, mas por falta de sistema digestivo forte. Não é tarefa fácil.

  2. De que adianta escolher o Presidente da República pelo voto e escolher uma oposição declarada no Congresso? Esta visão míope já vi muitas vezes ser chamada de inteligente pelos “experts”. Isto até fosse verdade num país onde os políticos votassem em benefício do povo, respeitando, claro, diferenças de opinião. Mas nunca poderá ser chamada de inteligente com os políticos brasileiros, que normalmente votam em benefício próprio ou em benefício de quem pagar mais. É muito raro escolher PR e Congresso em concordância. Tivemos isto na eleição passada, mas com todos os eleitos querendo leis em benefício próprio, deu no que deu. O inteligente seria votar no PR e maioria do Congresso com visão alinhada às propostas do PR
    O Brasil deve ser o único país com regime presidencialista onde o PR manda menos que o presidente da Câmara! E ninguém vota em presidência da câmara, se vota em deputado e senador. Depois, eles, entre si, escolhem através de conchavos, quem será o presidente das casas.
    Só pode dar no que é a política brasileira mesmo. Ou se segue um presidencialismo ou um parlamentarismo, mas um frankenstein entre os dois não dará certo nunca.

  3. O Lula ainda tem outro problema: Janja. Ela manda na agenda do presidente e na comunicação do governo. Você quase não vê o Lula em reuniões com ‘um’ ministro para tratar de ‘um’ assunto. E membros do Centrão que não são radicais e que gostariam de conversar com o Lula não têm acesso a ele. Por quê? Desde a campanha tem acontecido isso e até dentro do PT isso é notório: Janja.

    Quanto ao Lira, tudo o que você escreveu, Moisés, é verdade, exceto que o Lula sabe fazer articulação como ninguém. Não sabe mais e está sendo podado pela esposa. Além disso, demonstra cansaço e de novo problemas de saúde. Logo ele vai tomar uns tombos por causa do peso da idade e do cargo, como o Biden. Ele não tem mais energia para fazer política como naqueles áureos tempos de Lula i e 2.

    nestas condições, teria sido melhor passar o bastão para o Ciro em 2018 e para Tebet em 2022. mas o Lula se acha “o cara”, um homem capaz de parar uma guerra com uma conversa de sindicalista regada a cerveja, e não passa o bastão nem preso nem idoso (lembrando que as tais “Eleições sem Lula é Fraude” deram a vitória para o Bolsonaro, pois Haddad teve tempo muito curto para a canpanha).

    Para piorar, Todas as groselhas que Lula fala sobre política internacional irritam a oposição, que cata a munição derrubada pela culatra para atacá-lo (mas isso só pode estar vindo de fora dele, pois Lula era mais comedido…De onde será que vem tanta lacração?)

    Lira deu o toque, mas evitou o “machismo”. Claro que não é só a Janja, o Centrão é chantagista e bolsonarista e quer mais. E mesmo o Lula dando tudo, a oposição ainda será contra. Ideologia.

    Talvez o Joaquim Barbosa comece a defender novas teses sobre corrupção no Twitter, culpando o Lula pelas emendas secretas; o BNDES, isso é certo, vai DAR DINHEIRO para a Argentina construir um gasoduto, algo que irrita a classe média, que talvez volte a se encontrar na Avenida Paulista aos domingos com a camiseta da Seleção.

    Saudade de Dona Marisa, Duda Mendonça, Gushiken e do PSDB na direita.

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