Não há otários nem logrados no Pix para Bolsonaro

Em outras circunstâncias e com outros personagens, essa não seria uma pergunta banal: o que Bolsonaro irá fazer com os R$ 17,2 milhões que recebeu, via Pix, para pagar multas por não ter usado máscara na pandemia e capacete nas motociatas?

O apelo feito por bolsonaristas, que resultou na captação milionária, deixava claro que ele precisava de dinheiro para quitar o que era cobrado na Justiça.

Estimativas diversas das cifras a serem pagas ficam em torno de R$ 1 milhão. O que Bolsonaro fará com a sobra de pelo menos R$ 16 milhões?

É uma questão ética, assim como passam por abordagens éticas todos os crimes cometidos pelo sujeito e há muito tempo sob investigação ou em processos em andamento.

A sonegação da vacina e a matança da pandemia, a tentativa de furto das joias das arábias, a fraude do cartão de vacinação, a articulação do golpe, a afronta aos mortos da Covid e aos seus parentes e amigos.

Tudo o que envolve Bolsonaro e o bolsonarismo tem déficit de ética, incluindo sua manifestação voluntária sobre a atração que sentiu por uma criança de 14 anos.

Mas e daí? O que muda com a dinheirama do Pix? Em todos os casos citados acima, ele já sugeriu que não tem relação com nada, nem com as joias, nem com a fraude da vacina, nem com o golpe.

Pode dizer que não pediu ajuda a ninguém, que a iniciativa do Pix foi de amigos e que as pessoas doaram porque quiseram doar.

Os apelos especificaram que o dinheiro era apenas para pagar as multas, até porque o PL já havia assegurado salários para Bolsonaro e Michelle e até o aluguel de uma casa.

O que importa é que Bolsonaro é o beneficiado pelas doações, que estão aplicadas em renda fixa, segundo o Coaf.

Se tivesse sido reeleito, ao final do mandato Bolsonaro teria ganho R$ 1,4 milhão em salários, numa conta simples, com a soma do vencimento atual do presidente da República.

Como derrotado, fracassado como golpista e enredado em dezenas de processos pelos mais variados crimes, recebeu antecipadamente pelo Pix R$ 17,2 milhões.

Como presidente, teria um salário de R$ 30,9 mil. Com o rendimento do Pix, recebe mais de R$ 200 mil por mês, assegurados pelos juros de Roberto Campos Neto. É o mais espetacular e rentável caso de benemerência.

Para comparar, no ano passado, o Criança Esperança da Globo mobilizou todas as estrelas do grupo e arrecadou R$ 15,8 milhões.

Bolsonaro fará o que com a fortuna que tem no banco? No sábado, em Santa Catarina, ele disse:

“Dá para pagar todas as minhas contas e ainda sobra dinheiro aqui para a gente tomar um caldo de cana e comer um pastel com a dona Michelle”.

O presumido deboche faz com que a questão ética se estenda também aos doadores. É razoável que milhares de pessoas patrocinem a quitação de punições impostas a um sujeito que acumulou crimes contra a saúde pública ao agir deliberadamente pelo caos e pela morte na pandemia?

Numa situação normal e com outros protagonistas, mesmo que sem consequências na Justiça, a história dos R$ 17,2 milhões teria impacto negativo devastador na vida de qualquer figura pública.

Como o personagem é Bolsonaro, é bem provável que o efeito seja o contrário. A maioria dos doadores de Bolsonaro não é formada por otários, como supõe a esquerda. Não são trouxas. São avalistas dos seus crimes, ou não estariam bancando as multas.

Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário sabem que Bolsonaro come joias, come rachadinhas, comeu o cartão corporativo e finge arrotar pastel com caldo de cana.

One thought on “Não há otários nem logrados no Pix para Bolsonaro

  1. Penso que os avalistas dos crimes sejam os doadores de valores significativos.

    E que Os valores pequenos (à guisa de “dízimo”), sejam oriundos, em grande parte, é de otários, mesmo.

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